28 de fev. de 2010

Gostei tbém...


non plus one final from Tracy ANTONOPOULOS on Vimeo.

Nylon Smile

decido te olhar com um pouco mais de atenção, e talvez te decifro ao perceber que você não é feito de ingredientes e fórmulas secretas. você é sorrisos, abraços, paz; é meu coração batendo apertado, batendo forte, batendo depois de muito sem bater. você é tudo isso e mais um muito, mas você tem esse medo que te prende quando deveria te empurrar. "escuta, eu te amo e as coisas vão se encaixar", é o que eu deveria dizer, mas sempre me calo. desculpe por não ser quem eu gostaria que você fosse. eu também tenho medo, eu também me irrito fácil, eu também sou humana. mas eu estou tentando porque sim, porque você é você e porque, apesar dessa bagunça toda que a gente faz, eu te amo e as coisas vão se encaixar.

21 de fev. de 2010

Flanelinhas futebol clube...

Eu tenho uma teoria.
Na verdade eu tenho um monte de teorias. Sou uma fábrica de teorias. Esta é a mais nova.
A de que todas as coisas sensatas, tudo que se pode saber, tudo aquilo que conta como sabedoria de verdade, tudinho mesmo, não passa de besteira, obviedades e cretinices.
Ou pelo menos parece, até você perceber que é assim.
Veja os clichês, por exemplo.
Acho que cada vez gosto mais de clichês.
“Hoje é o primeiro dia do resto de sua vida”. É uma frase boba, mas nem por isso menos verdadeira.
E todo esse papo de amor.

Da HQ de Neil Gaiman, Morte – O grande momento da vida, pg. 22 (Abril)

10 de fev. de 2010

É isso

Aos dezessete anos eu sonhava com um mundo onde ninguém, em hipótese alguma, falasse sobre o tempo. Escrevia contos em que um sujeito mal terminava de pronunciar “que chuva, heim?” e um piano estraçalhava-se sobre sua cabeça. Se algum idealismo eu já tive, foi esse: tornarmo-nos adultos sem nos entregar à comodidade do lugar comum, viver a vida sem embolorá-la no mormaço do dia-a-dia.
Para quem não acredita em Deus, como eu, abandonar a infância implica a incontornável convivência com o absurdo. Que da água e dos minerais tenham surgido protozoários, cachalotes, eu e você, não é o mais lógico dos acontecimentos. Que das muitas relações sexuais de seu pai e sua mãe, justamente naquela lá, um óvulo tenha sido fecundado e dado início à sua existência - que sorte, não? (Quantos possíveis eus não terminaram em absorventes íntimos ou lenços de papel, no fundo de uma lata de lixo?).
A falta de sentido não me levava, contudo, ao niilismo. Pelo contrário. Já que era tão improvável estarmos aqui, tudo era valioso e, fundamentalmente, engraçado. Não tive um Deus para ordenar-me a realidade, mas as piscadelas cúmplices de Julio Cortázar, Woody Allen, Campos de Carvalho, Monty Python e outros artistas, de dentro de seus livros e filmes, tornaram mais fácil a aceitação e mais intensa a fruição dessa maravilhosa barca furada.
O que mais me angustiava na adolescência não era, portanto, a percepção do absurdo, mas como os adultos pareciam não se dar conta da estupenda improbabilidade de estarmos aqui por esse breve período, tendo ao nosso dispor o sexo, o baião, o bife de chorizo e - mais recentemente, que maravilha! - as cervejas artesanais. Eu os observava comentando a reforma da portaria do prédio ou aflitos com as parcelas do sofá e desejava que aquele piano caísse dos céus: a vida passava e eles não se davam conta.
Semana passada, quando soube da morte de J. D. Salinger, reli O apanhador no campo de centeio. A história de Holden Caultfield tocou-me mais do que da primeira vez que a li, aos quatorze. Talvez porque agora o adolescente revoltado com a falta de sentido da vida e a hipocrisia dos adultos não tenha encontrado em mim um cúmplice, mas um inimigo. Hoje, aos trinta e dois anos, quando fecha-se a porta do elevador e o silêncio toma aqueles três metros quadrados, eu viro para o vizinho e digo: que chuva, heim? Tenho trabalhado muito, me afligido com as contas e faz tempo que não faço um jantar para o meu amor. É preciso abrir os olhos, enquanto é tempo. Para isso servem os livros, para caírem sobre nossas cabeças como pianos e estraçalharem, mesmo que temporariamente, tudo o que não for fundamental.
Obrigado e adeus, Salinger.
O Piano - Antônio Prata

9 de fev. de 2010

II

A roda? Não sei se é você que escolhe, não. Olha bem pra mim ― tenho cara de quem escolheu alguma coisa na vida? Quando dei por mim, todo mundo já tinha decorado a tal palavrinha-chave e tava a mil, seu lugarzinho seguro, rodando na roda. Menos eu, menos eu. Quem roda na roda fica contente. Quem não roda se fode. Que nem eu, você acha que eu pareço muito fodida? Um pouco eu sei que sim, mas fala a verdade: muito?
CFA

I

Como se eu estivesse por fora do movimento da vida. A vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro, e eu aqui parada, pateta, sentada no bar. Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a linguagem dos outros. A linguagem que eles usam para se comunicar quando rodam assim e assim por diante nessa roda-gigante. Você tem um passe para a roda-gigante, uma senha, um código, sei lá. Você fala qualquer coisa tipo bá, por exemplo, então o cara deixa você entrar, sentar e rodar junto com os outros. Mas eu fico sempre do lado de fora. Aqui parada, sem saber a palavra certa, sem conseguir adivinhar. Olhando de fora, a cara cheia, louca de vontade de estar lá, rodando junto com eles nessa roda idiota.
CFA

7 de fev. de 2010

3 de fev. de 2010

Nem

é que abandonei o blog, é só que tá rolando uma comoção muito grande (sim, até agora) pela morte do Salinger. è que tipo não há lágimas suficientes para o cara que (na minha opinião, que é a que conta aqui neste blog) era o maior escritor vivo do pós-guerra (foda-se, se a filha fala mal dele) e que  recebeu carta branca da New Yorker para escrever e publicar qualquer coisa que ele quisesse (único inclusive) logo em seu primeiro conto para a revista e que mesmo assim optou por ter apenas quatro livros publicados. nunca haverá lágimas o suficiente.amo.e sofro por perder as esperanças de ler algo novo e genial. e uma dica, se quiser começar, comece pelo "O Apanhador no Campo de Centeio", ainda que vc não seja adolescente, vale a pena... vc não vai conseguir parar... assim como eu não consigo deixar de ficar triste por ele.