13 de jul. de 2012

As irracionalidades do racional

“Há muito que pensar sobre o que significa o crédito e a forma como vem sendo utilizado (…). A racionalidade econômica da sociedade moderna reza que quanto mais consumo, mais produto, mais renda e mais emprego. Sem consumo, ou com consumo refreado, as expectativas de lucratividade se deprimem, os investimentos minguam, o produto encolhe, contingentes enormes de pessoas são demitidas e têm suas vidas desestruturadas. É para evitar esse tipo de coisa, ou minorar esses fenômenos e as agruras que eles provocam, que os governos recorrem ao… crédito. Portanto, em nossa sociedade, as coisas só andam bem no quesito econômico quando consumimos irrestritamente, por funestas que sejam as consequências desse consumo irrefreado sob todos os outros pontos de vista. Assim, se é absolutamente racional da perspectiva do andamento da economia ampliar o acesso ao automóvel particular, é completamente irracional fazê-lo do ponto de vista ambiental, da utilização dos recursos naturais, da sanidade do ambiente urbano, entre tantos outros aspectos que poderíamos citar. Mas isso não é privilégio do automóvel: qual é a lei que nos obriga a consumir muito mais vestuário do que seria necessário (a cada ano as coleções mudam!), muito mais engenhocas eletrônicas, muito mais bugigangas de toda ordem? Tudo isso não parece absolutamente irracional sob qualquer outra ótica que não a puramente econômica? A essas alturas alguém poderia observar que estamos esquecendo o elo principal de toda essa cadeia, aquilo que torna racional toda essa irracionalidade: todas essas coisas são produzidas para atender às necessidades humanas. Mas não há nesse contexto uma inversão? Hoje, na maior parte dos casos, em particular nas sociedades mais abastadas, os homens parecem mais escravos das coisas do que seus beneficiários. O caráter contraditório do crédito não é estranho a essa sociedade na qual, a depender do ângulo em que se olha, tudo parece de cabeça para baixo.”
Trecho de Crédito, um venenoso remédio, artigo da economista Leda Maria

12 de jul. de 2012

Confesso

que me preocupa um pouco o fato de alguém ter tipo um "dossiê" sobre mim, contendo as maiores merdas, os maiores medos que tenho e tive na vida. Mas é pior quando chego super querendo mimizar e reclamar dele, da minha mãe e da vida e ela abre o "dossiê" e começa a me lembrar tudo que já fiz e falei pra ele, pra minha mãe e pra vida. Fico revoltada e digo que hj só quero falar como sou legal, fofa e mereço ser mimada e entendida... e daí só de raiva peço pra ler o dossiê... ela só permite que eu leia a última página. Chocada ao lembrar que há poucos dias eu disse:

- Nãaaoo... os idosos não querem passar à sua frente na fila do supermercado, pagar o corega e ir pra casa descansar as varizes. Não; eles querem mostrar que são uma raça superior em educação, finess e  delicadeza (só que não), e nós somos uns  bárbaros mal-educados que existimos pra atrapalhar a vida deles...

Definitivamente, preciso em vestir em rivotril e dormir porque não tá fássio naum...