31 de mai. de 2012

esquizofrenia, quem curte?


e tudo me afeta, tudo me atinge, tudo é uma pequena prévia do apocalipse. as coisas que me dizem, as coisas que não me dizem, as coisas que dizem mas puxa vida, eu queria ter ouvido de outro jeito. cada uma delas tem mil possibilidades de interpretação e a única garantia é que eu vou me machucar e quando menos esperar estarei juntando os cacos pela milésima vez, às duas e meia de uma quarta-feira, comendo macarrão gelado e me perguntando por que precisa ser tão ridiculamente difícil. e se, no final das contas, não é tudo culpa minha por ser essa pessoa tão infernal.deve ser. sempre é.

23 de mai. de 2012

Não sente ao meu lado


tem essa coisa boa em ir ficando mais velha. quer dizer. eu gostaria MUITO de acreditar que ficar mais velha traz alguma coisa de relevante além de ruga e cabelo branco. mas aí tem isso. o fato de que, dado um certo ponto, tudo vira mais do mesmo. você sabe lidar (ou não, né. no meu caso geralmente é ou não) com os acontecimentos porque já passou por eles antes. muda o elenco, fica o roteiro manjadíssimo. e dá uma tristeza do caralho compreender que não somos especiais em nenhum nível dessa bodega desarranjada e não há o que fazer quanto a isso, não dá pra mudar o final. quem foi o idiota que inventou aquele ditado de "começar de novo e fazer um novo fim"? alguém chegou a esbofetear essa pessoa? porque né, merecia muito. chegamos aqui sabendo o papel que nos foi determinado e não sei como se deu essa divisão porque se escolha houvesse eu não ia querer vir como aquela que sim, mas não. mas é o que temos. e quanto mais se tenta fugir, mais a vida vem esfregar na tua cara que você não manda nada aqui não, gatinha. você não muda o roteiro. acho que o que muda - e mesmo assim fazendo um esforço épico - é a forma como a gente aprende a lidar. na base do disfarce. fingindo que não tem mais importância, veja como sou madura! até o dia em que não importa mesmo, mas aí é porque já não sobrou nada e não há alívio. apenas a sensação de estar indo embora de mãos vazias mais uma vez.

16 de mai. de 2012

Especialista

em juntar e colar um a um os cacos do coração, da vida, de textos, de histórias e principalmente de silêncios. e o mundo inteiro acredita que consigo entender estórias incompletas, conversas truncadas, textos cagados de sentido e atitudes sem nexo. de vez em quando acontece de voltar àquele ponto inicial antes do desfecho, uma característica das fases em que os acontecimentos acham de bom tom começar pelo fim, continuar pelo princípio e terminar no meio. a análise do discurso não serve pra isso não, o que serve é a imaginação. mas a imaginação é muito competente. daí vc não consegue entender... nem a imaginação nem os espaços vazios. porque a imaginação te faz vomitar sozinha no banheiro de casa. a imaginação te dá um ciúme maior que o everest, pra passear na quarta-feira cinza.e a sensação muito estranha de que a vida insiste em acontece mais dentro do que fora da sua cabeça.