31 de mai. de 2008

(...) E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos

30 de mai. de 2008

Civilização

Tem gente que acredita em Deus, outros no Diabo, alguns na Universal, outros em coca com limão e por aí vai....
Eu acredito em café da manhã e jornal de domingo, em amanditas, dormir de conchinha, pôr do sol na lagoa e que o mundo será perfeito quando o meio de transporte da humanidade for a bicicleta. Eu acredito inclusive que quando Jesus voltar ele vai voltar de bicicleta.

29 de mai. de 2008

Em um mundo perfeito

- Chocolate não teria nenhuma caloria,
- Eu teria uma casa na praia e um ap em Paris,
- Haveria sempre dinheiro na minha conta,
- As pessoas são sinceras de verdade,
- Existe um Ferrero Rocher de 2kg,
- Eu teria uma biblioteca com 2000 livros,
- Nutella emagrece mais que chá verde,
- Ninguém se depila,
- Sai skol gelada da torneira da minha casa,
- Não existe crianças nas ruas,
- As pessoas pensam no planeta como a casa delas,
- Todas as pessoas que eu amo moram perto de mim e me amam tbém...

27 de mai. de 2008

Se joga!

“(...)Viver é a coisa mais rara do mundo, a maioria das pessoas apenas existe.”- Oscar Wilde

Tem grades nas janelas da sua casa, você toma vacina contra gripe no outono, no seu último aniversário resolveu até fazer um plano de previdência com seguro de vida, em nome das contas a pagar se sujeitou àquele emprego onde você tem que passar por cima de alguns dos seus princípios, mas é um pouco a cada dia, senão era bem capaz de você não aceitar. E você segue, compactuando com o lixo ético, as normas burras e a falta de criatividade, solidariedade e alegria. E se conforma em jamais ser livre; e não estamos falando de liberdade-comercial-de-jeans...
Até que um dia, num boteco fora do padrão, um amigo te conta sobre uma amiga dele, de tempos atrás, que largou tudo e foi plantar batatas no Chile!! E a estória mexe com a sua imaginação, num misto de estranheza, diversão e admiração. Mas você se pergunta: será que ela é maluca ou nós é que somos estranhos? Na verdade é um pouco das duas coisas. Mas você começa a pensar na possibilidade de sair da jaula do lugar comum, do padrão, do marketing do seja assim, faça assim, sinta assim. E resolve não corresponder, ao menos uma vez, as expectativas que outros têm sobre você e sua vida. Criar o seu padrão, recriar sua realidade. E é aí que você “descobre” que segurança e liberdade não existem simultaneamente e que na verdade, tudo é só isso!!!

23 de mai. de 2008

Isto!


No descomeço era o verbo...

Eu não sou elite de porra nenhuma, muito menos fina e culta. Dane-se!
Mas eu sou livre pra escolher, porque eu construí isso, sozinha.
Tudo bem, eu sei que isso se pode aprender, quando se quer.
Mas decidir por sua conta e risco é difícil e assustador. Isso de não ter com quem dividir o dano e a dor é cruel, porém desafiador...
E eu vejo pessoas se arrebentando pra fazer isso e torço muito por elas. Aposto em algumas e perco... Faz parte. Mas quando acerto é em grande estilo!!!
E eu? Bom, eu só quero cometer meus próprios erros e acertos.
Por minha conta e risco... Sempre.
È claro que fiz um monte de cagadas, algumas inacreditáveis, insuperáveis. Mas quando tenho que tomar alguma decisão séria, quase sempre faço a escolha certa. E nada vale mais do que isso. Mesmo porque eu treinei pracaralho.
Mas como diz o filosofo “treino é treino e jogo é jogo”. E vamoprafinal do campeonato de pontos corridos. Apesar de mata-mata ser o meu forte!!! E isso ninguém tira de mim.

22 de mai. de 2008

Jogando sua partida de xadrez no infinito...

O melhor plano de marketing que eu já vi na minha vida é de 2000 anos atrás e envolve um enredo mirabolante com serpentes, maçãs, mares que se abrem ao comando de um pedaço torto de madeira, estrela cadente, etc...
E nem é uma estória tão boa assim, existe um chefe autoritário sentado em um trono de nuvens macias, mas que tem voz de trovão, que decide o destino do universo com meia dúzia de dados. E sabe o nome que deram a este “evento recreativo do Senhor”? Destino! Aí os pobres “mortais - vitimas” atribuem a sua capacidade de resolver a sua vida ou não ao destino! Mas tudo em nome do amor incondicional à humanidade. O negócio é baseado em cochichar pecados no ouvido do padre, rezar, pagar a penitência, sentir-se perdoado e fazer de novo. e de novo. e de novo... ad infinitum...
Então vêm alguns dissidentes e dizem que há falhas estruturais graves no plano, e as apontam, tipos o cara não é a justiça e bondade em pessoa, então como explicar as milhares de crianças no mundo inteiro morrendo de fome e de doenças para as quais existe cura a duzentos anos; enquanto o representante máximo do Senhor usa sapatos de U$4000 dólares? Como explicar templos cobertos de ouro e seda (que são chamados de “a casa do senhor”) fechados e cobertos de alarmes e mármores frios, com portas bem fechadas e guardadas enquanto os filhos mais infelizes e doentes do senhor dormem e passam fome nos seus degraus sagrados. Os dissidentes são solenemente ignorados e às vezes esquartejados ou queimados, claro, tudo em nome da compaixão e do amor divino.
Mas ele é justo e te consola com o genial slogan: “sofra agora e mereça o paraíso depois e para sempre”! E é morte em hospital do SUS que é pra não restar dúvida do merecimento. Porque por enquanto só quem merece ser feliz aqui é meia dúzia de escolhidos (aqueles 5% que detêm 90% da riqueza existente). Então, esta é sua recompensa por uma vida de sofrimento, privações e burrice consciente. O paraíso, que pela descrição que consta no plano original é de um mau gosto americano!!
E se você se rebelar vai arder nas chamas da fogueira crepitante acesa pelo anjo decaído... Porque o senhor não vai sujar suas divinas mãos celestiais e puras com um verme como você que não se submeteu ao marketing do divino amor. É claro que o inferno é terceirizado, não há 0800 para estar te ajudando a se salvar.

21 de mai. de 2008

Peçonha

- Gente, tenho que contar...

- Ihhh... "MM a surreal"...

- Fui picada por um escorpião ontem...

- Hahahhahaha... nem vem, vai dizer que o fofo era de escorpião...

- Não gente, falando sério...

- Tava fumando ali no jardim interno e... plic!

- Mentira, a última vez que vc viu uma barata foi ouvido no campus inteiro... escorpião era caso de bombeiro, samu e tudo...

- Então gente... o L. da faxina que me ajudou, me levou ao posto médico, segurou a minha mão qdo eu achei que meu coração tava parando...

- MM, na boa... e o escorpião... ele tá bem né...

20 de mai. de 2008

"In omnia paratus"

Desculpas sinceras aos meus poucos mas queridos leitores,
Eu sei, tenho escrito pouco, muito pouco...
Mas é que tenho escrito para uma pessoa especificamente.
Mas eu prometo que voltarei a escrever para todos.
Breve...
Até lá então!

14 de mai. de 2008

El resto, a la basura iba

La princesa se llenó los bolsillos de piedras para no perder el equilibro mientras soñaba con poder volar...

13 de mai. de 2008


Hahahahahahahaha... exatamente!!!!!!!!!!!!!

Como será a nova namorada dele
Aí terminaram o namoro.
Você ficou meio magoada, ele se sentindo meio culpado, mas deram meia-volta, volver e cada um tomou seu rumo.
Passam-se uns dias e surpresa: ele tem nova namorada.
Claro que você foi a primeira a saber, suas amigas fizeram questão de lhe contar, afinal, adoram você.
Tudo bem, tudo bem, que eles sejam felizes. Tudo bem uma pinóia.
Você já arrancou toda a cutícula com a boca. Está se mordendo para saber como é sua rival.
Mais bonita? Mais feia? Caiu aqui: você vai odiá-la do mesmo jeito.
Digamos que ela seja mais bonita. O cabelo é mais bonito. O corpo é mais bonito.
E ainda por cima o nome dela é Paula e você é Ludislene Gorete.
Enfim, o cara te trocou por uma gataça. “Que deve ser burríssima. Que deve ter mau-hálito.
Que deve ser sofrível na cama. E ele, francamente, tem titica de galinha na cabeça.
Coisa mais fora de moda dar valor para a aparência.
Está se achando o rei da cocada preta com essa 'zinha' com quem anda desfilando.
E que deve corneá-lo, ninguém duvide. É muita areia pro caminhão dele.
E o caminhão dele é um Corsa de terceira mão, essa aí em dois toques vai estar trocando ele por um Audi, aí ele vai descobrir que ela não vale a folha de alface que come, essa anoréxica”.
Então digamos que ela seja mais feia. O cabelo mais opaco. O corpo só tem frente, não tem verso. Ligeiramente manca. “Putz, deve ser um avião na cama.
Deve recitar Beaudelaire de cor e salteado. E deve adorar aipo, que ele também venera.
Mas se já é sem sal agora, vai embofar de vez quando engravidar.
Vai engordar para todo o sempre, nunca mais se recupera.
Vão ficar os dois discutindo Jorge Luis Borges e se entupindo de panqueca de banana.
Vão viajar para lugares exóticos para combinar com o rosto dela.
Caramba, por que ele nunca me disse que gostava de mulher inteligente?
Eu poderia ter lido toda a obra de Tolstoi em vez de perder tempo malhando”.
Se for mais bonita ou se for mais feia, pouco importa.
Não é você, e é isso que dói.
Martha Medeiros

Dê-me um cigarro

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Pronominais - Oswald de Andrade

10 de mai. de 2008

De novo...

Eu queria poder trocar este sabádo pelo sabádo passado...
É que o inferno está cheio de boas intenções.
E meu nome é insatisfação. e não mudo de nome nunca (por mais que eu queira).

9 de mai. de 2008

Sexta-feira


Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.

Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.

Hilda Hilst

Trecho de - "Da Morte. Odes Mínimas" -

7 de mai. de 2008

Assim

Proust escreveu que não se deve ter medo de ir longe porque a verdade se esconde depois disso. Veremos.

3 de mai. de 2008

Presente...

É assim... muiiiiiiito feliz hoje, ocupada sendo feliz... Então, o texto do Antônio Prata é assim... uma coisinha feliz e delicada... lírico... Para combinar com o sabádo.

O amor que choveu


Era uma vez um menino que amava demais. Amava tanto, mas tanto, que o amor nem cabia dentro dele. Saía pelos olhos, brilhando, pela boca, cantando, pelas pernas, tremendo, pelas mãos, suando. (Só pelo umbigo é que não saía: o nó ali é tão bem dado que nunca houve um só que tenha soltado).O menino sabia que o único jeito de resolver a questão era dando o amor à menina que amava. Mas como saber o que ela achava dele? Na classe, tinha mais quinze meninos. Na escola, trezentos. No mundo, vai saber, uns dois bilhões? Como é que ia acontecer de a menina se apaixonar justo por ele, que tinha se apaixonado por ela?O menino tentou trancar o amor numa mala, mas não tinha como: nem sentando em cima o zíper fechava. Resolveu então congelar, mas era tão quente, o amor, que fundiu o freezer, queimou a tomada, derrubou a energia do prédio, do quarteirão e logo o menino saiu andando pela cidade escura -- só ele brilhando nas ruas, deixando pegadas de Star Fix por onde pisava.O que é que eu faço? -- perguntou ao prefeito, ao amigo, ao doutor e a um pessoalzinho que passava a vida sentado em frente ao posto de gasolina. Fala pra ela! -- diziam todos, sem pensar duas vezes, mas ele não tinha coragem. E se ela não o amasse? E se não aceitasse todo o amor que ele tinha pra dar? Ele ia murchar que nem uva passa, explodir como bexiga e chorar até 31 de dezembro de 2978.Tomou então a decisão: iria atirar seu amor ao mar. Um polvo que se agarrasse a ele -- se tem oito braços para os abraços, por que não quatro corações, para as suas paixões? Ele é que não dava conta, era só um menino, com apenas duas mãos e o maior sentimento do mundo.Foi até a beira da praia e, sem pensar duas vezes, jogou. O que o menino não sabia era que seu amor era maior do que o mar. E o amor do menino fez o oceano evaporar. Ele chorou, chorou e chorou, pela morte do mar e de seu grande amor.Até que sentiu uma gota na ponta do nariz. Depois outra, na orelha e mais outra, no dedão do pé. Era o mar, misturado ao amor do menino, que chovia do Saara à Belém, de Meca à Jerusalém. Choveu tanto que acabou molhando a menina que o menino amava. E assim que a água tocou sua língua, ela saiu correndo para a praia, pois já fazia meses que sentia o mesmo gosto, o gosto de um amor tão grande, mas tão grande, que já nem cabia dentro dela.