31 de ago. de 2009

"Tudo isso dói. Mas eu sei que passa, que se está sendo assim é porque deve ser assim, e virá outro ciclo, depois. Para me dar força, escrevi no espelho do meu quarto: ‘Tá certo que o sonho acabou, mas também não precisa virar pesadelo, não é?’ É o que estou tentando vivenciar. Certo, muitas ilusões dançaram - mas eu me recuso a descrer absolutamente de tudo, eu faço força para manter algumas esperanças acesas, como velas. Também não quero dramatizar e fazer dos problemas reais monstros insolúveis, becos-sem-saída. Nada é muito terrível. Só viver, não é? A barra mesmo é ter que estar vivo e ter que desdobrar, batalhar um jeito qualquer de ficar numa boa. O meu tem sido olhar pra dentro, devagar, ter muito cuidado com cada palavra, com cada movimento, com cada coisa que me ligue ao de fora. Até que os dois ritmos naturalmente se encaixem outra vez e passem a fluir. Porque não estou fluindo."
Caio Fernando Abreu

Por mim

Quando a minha hora chegar
Ninguém vai chorar por mim,
E tu também não

Malditas sejam todas essas lágrimas!

Eu sou uma fera furiosa
Expulsa do rebanho

As balas podem furar-me a pele
Mas eu continuarei sem parar,

Arrastando para a frente

as minhas chagas e a minha dor,
Atacando
Atacando
Até o sofrimento desaparecer

E não me vai custar nada

Eu quero viver mais mil anos

Chairil Anwar.


30 de ago. de 2009

Estou absolutamente cansado de literatura; só a mudez me faz companhia. Se ainda escrevo é porque nada mais tenho a fazer no mundo enquanto espero a morte. A procura da palavra no escuro. O pequeno sucesso me invade e me põe no olho da rua. Eu queria chafurdar no lado, minha necessidade de baixeza eu mal controlo, a necessidade da orgia e do pior gozo absoluto. O pecado me atrai, o que é proibido me fascina. […]
Clarice Lispector

25 de ago. de 2009

Vamos?

O 3º. FELIT - Festival de Literatura de São João del-Rei, Minas Gerais, começa na quinta-feira e segue até domingo, com um tema central que aborda os chamados anos loucos, a “literatura marginal”. No meio da programação, uma homenagem a Paulo Leminski, com a sessão maldita de sexta-feira reunindo para leitura de poemas, entre outros, Chacal e Marcelino Freire. Em outras mesas de debates a poeta Alice Ruiz e o escritor Toninho Vaz .

24 de ago. de 2009

"Ídala"!!!!


Escolha

Apesar do medo
escolho a ousadia.
Ao conforto das algemas, prefiro
a dura liberdade.
Vôo com meu par de asas tortas,
sem o tédio da comprovação.

Opto pela loucura, com um grão
de realidade:
meu ímpeto explode o ponto,
arqueia a linha, traça contornos
para os romper.

Desculpem, mas devo dizer:
eu quero o delírio.
Lya Luft


23 de ago. de 2009

AZUL...

Había en una ciudad inmensa y brillante un rey muy poderoso, que tenía trajes caprichosos y ricos, esclavas desnudas, blancas y negras, caballos de largas crines, armas flamantísimas, galgos rápidos, y monteros con cuernos de bronce que llenaban el viento con sus fanfarrias. ¿Era un rey poeta? No, amigo mío: era el Rey Burgués.
Cuento alegre - por Rubén Darío

22 de ago. de 2009

E foi então que apareceu a raposa

- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita…
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste…
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer “cativar”?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer “cativar”?
- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que fazem. Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços…”
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo…

Do “Pequeno Princípe“, de Antoine de Saint-Exupery.

Axé! Corra, Ivete, corra!

“Esvazia esse corredor pra ela passar! E, agora, pode jogar álcool-gel nas paredes, no chão, pendura álcool-gel em tudo!”, gritava uma produtora, minutos antes da entrada de Ivete Sangalo no Prêmio Multishow, anteontem, no Rio. Grávida de sete meses, Ivete saiu de dentro de um carro parado atrás do Citibank Hall direto para o palco. Nada de se misturar ao entra e sai dos camarins de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Marisa Monte, Zeca Pagodinho…

“Ela vai entrar e sair, entendeu? Eu preciso saber e-xa-ta-men-te a que horas eu “boto ela” aqui dentro! Ela não vai ficar parada, meu amor!”, continuava a produtora à equipe do prêmio parada na porta por onde Ivete surgiu, às 22h45, com a barrigona de fora, numa roupa estilo odalisca.

Cercada por seis seguranças, Ivete sorriu e… entrou no palco. Atrás da cortina, a cantora lambuzava as mãos com álcool em gel e um assistente esfregava -adivinhe?- álcool em gel no microfone -enquanto os outros músicos usavam o mesmo, Ivete tinha um microfone só para ela. Ah, sim, o maquiador da cantora, que também limpava as mãos com álcool em gel, usava máscara. Por causa da gripe suína? “É para não ter contato com vocês!”, respondeu, correndo com mais papel-toalha em direção ao palco, onde Ivete ainda se besuntava com álcool em gel.

“Marinheira” de primeira viagem, a cantora, que até comprou um aparelho de ultrassom (cerca de R$ 150 mil) para ver o bebê em casa, saiu correndo do palco. “Ivete! Ivete!” É Regina Casé, que tenta alcançar a cantora. “Ivete! Deixa eu aproveitar que eu não vi sua barriga!”, diz a atriz, que beija o barrigão da grávida. Ivete sorri, meio sem jeito, e volta a correr para a saída. “Não fala com ela!”, avisa um assistente à repórter.

Segundo Preta Gil, Ivete está “muito preocupada com a gripe suína” e “podia ter ficado em casa se quisesse, mas quis cantar para seus fãs”.

Audrey Furlaneto, na Folha

19 de ago. de 2009

ele está no meio de nós...

“Deus sabe o que faz, irmã Rosa, ele sabe exatamente o ponto do coração que é preciso machucar”.
- Do filme “Linha de Passe” (2008), de Walter Salles e Daniela Thomas

Mito de Sísifo

“Por toda a eternidade Sísifo foi condenado a rolar uma grande pedra de mármore com suas mãos até o cume de uma montanha, sendo que toda vez que ele estava quase alcançando o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o ponto de partida por meio de uma força irresistível. Por esse motivo, a tarefa que envolve esforços inúteis passou a ser chamada “Trabalho de Sísifo”.

E os músculos?

18 de ago. de 2009





Quero abraçar meu rancor

Tipo assim, eu gostaria de ser um espírito elevado, iluminado, tipo Glória Kalil, que gasta um tempo ensinando, em horário nobre, a geral a não comer de boca aberta e não usar salto de acrílico. Mas eu sou vingativa; ta, eu sei fazer a simpática e continuar falando com gente que abandona a reunião 10 minutos antes do final - "pra pegar bife bom na bandejão da firma." Aturo em horário comercial pessoas que se acham muiito cultas porque falam "váaarias línguasss", mesmo que só usem as mesmas prá mostrar a mais pessoas a sua tosquice. Convivo com pessoas que comem 02 potes de Nutella por semana e acreditam que o creme anti-celulite da Natura vai salva-la do inferno das celulites, com criaturas de mais de 60 anos que têm como toque de celular "Minha eguinha pocotó" e outro que é fã do Padre Fábio de melo (é, aquele botocado meigay).

Viu?

“…Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo, e aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam… aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai ferí-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais, e descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida…”

Veronica Shoffstall

15 de ago. de 2009

Você não vale nada mas eu gosto de você...



"(...) a proibição de fumar excita muitos ânimos, como toda repressão mínima ou grossa, mas as diferenças entre as medidas não atenuam as evidências de que contêm mais volúpia autoritária do que critérios apropriados.
fumar não é, em si mesmo, atitude antidemocrática. suas inconveniências sociais são considerações recentes e não incorporadas ainda aos costumes, ou ainda são menos, digamos, naturais do que o longevo fumo. por fim, fumar não é ato de má-fé ou de hostilidade ao vizinho, é uma sujeição do viciado à sua necessidade. não há motivo algum, portanto, para substituir a restrição, atenta e inflexível que seja, por formas de repressão, nas determinações legais e nas ações.
as notícias dão conta de que donos de lugares públicos são visitados e fumantes são caçados em sp como não se invadem prostíbulos de exploração de mulheres, nem se caçam os exploradores; ou em casas de jogo, ou em pontos de venda e consumo de crack pela gurizada e de outras drogas por toda parte. os envolvidos nesses atos serão menos perniciosos à vida social do que os fumantes?
(...)
são poucos mas, suponho, suficientes exemplos do espírito aplicado ao que seria a saudável extinção progressiva do fumo. são os métodos deste país tão dado a violências e desatinos, onde o usuário de drogas é reconhecido como vítima de vício, e não punido; o de cigarro fica ameaçado até de perder o emprego 'por justa causa'."


11 de ago. de 2009

Fumando e andando...

Ele, falando por mim... de novo!

o problema é a espera. esperamos. das pessoas, das coisas, dos fatos, de nós mesmos. esperamos tanto tempo, até nos sentirmos cansados; mesmo assim não desistimos de esperar. como se isso nos desse razão: “eu esperei isso de você, eu contava com isso, eu esperava que você agisse dessa forma” e o pior: eu esperava que você me amasse assim, porque é justamente assim que eu te amo. como se esperar mudasse todo o final, encantasse as verdades mais obscuras e os as realidades mais temidas. porque você espera, você tem fé e lhe ensinaram que isso é bom. e mesmo sabendo que não é. que nada do que você esperou aconteceu de fato até agora, você continua com essa mania burra, com essa ideia de que será salvo no último minuto, que de repente sua vida acontecerá como um roteiro aclamado e que você será contemplado com o magnífico prêmio de estar vivo. como se toda essa esperança lhe justificasse a vida e a tornasse mais humanamente suportável, sem que se dê conta que ela apenas lhe prepara para a mais alta queda, sem qualquer rede de proteção.
Caio Fernando de Abreu

Para comemorar...

É de morrer de rir... adorei!!!! Vai lá

Voltou...

7 de ago. de 2009

Fudeu...

Não sei o que acontece, não consigo login no blog a 02 dias... foi uma luta chegar aqui... deu tanto trabalho que nem quero mais postar nada. #fail.

6 de ago. de 2009

Ausência

Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.
Sophia de Mello Breyner

4 de ago. de 2009

Do contra...

Amo!!


No vestiário do clube:
- Fulaninha (+/- 04 anos), assim a gente vai embora, tem outras meninas querendo brincar com vc e vc não quer... tem que brincar com as outras pessoas filha, e blá, blá, blá...
- Mas mãe! Eu não gosto de brincar com pessoas... eu só gosto de brincar com o Gu...
E eu no chuveiro, hahahahahahahahahaha...

3 de ago. de 2009

Gabriel

Missa de sétimo dia da Vó Quininha. Todos compenetrados com aquelas caras de missa de sétimo dia. O representante do senhor menciona que no dia seguinte seria aniversário da falecida e resolve, não se sabe porquê, cantar parabéns (!!!) para a pobre (coerência e bom senso, não trabalhamos)... no que termina os parabéns prá vc, Gabriel (02 anos) continua aos berros de "- è big, é big... claro que eu fui a primeira a cair na gargalhada.

2 de ago. de 2009

Tão bem, Lulu...

Já não tenho dedos pra contar de quantos barrancos despenquei, e quantas pedras me atiraram ou quantas atirei. Tanta farpa, tanta mentira, tanta falta do que dizer - nem sempre é "so easy" se viver. Hoje eu não consigo mais me lembrar de quantas janelas me atirei e quanto rastro de incompreensão eu já deixei. Tanto bons quanto maus motivos, tantas vezes desilusão... quase nunca a vida é um balão. Mas o teu amor me cura de uma loucura qualquer - é encostar no teu peito, e se isso for algum defeito, por mim, tudo bem.