13 de set. de 2012

Minha vida


Celular perdido ou a cereja do bolo

a semana começou tensa com noticias não muito boas sobre a sua família, uma afta gigante gritava que tudo podia ser ainda pior e mais dolorido do que vc imaginava. a reunião foi difícil e te fez perguntar de novo e mais uma vez - o que vc estava fazendo ali - já que na verdade a vida de verdade ia acontecer na hora do almoço. e por isso uma  ansiedade monstra não deixa vc raciocinar ou falar.  Pq vc tem que se concentrar em respirar... Ainda assim, vc precisa fazer coisas, continuar andando, tentando respirar e comprar o presente. só que o roteirista talibã  que escreve a sua vida acha de bom tom temperar o enredo com uma crise de amnésia aleatória e vc sai pela cidade perdendo coisas, lucidez e passando atestado de loucura e descontrole. e daí aconteece o que vc já sabe e conhece mas só quer parar pra pensar no dia da terapia, quando ela perguntar - vamos entender onde o nó começou a se formar - e vc não terá certeza se foi o comentário protetor sobre a amiga, a ansiedade de lúcifer, a mudança de planos, a afta que não te deixou almoçar direito, a pressão de muitas perguntas para as quais vc não tem (nunca teve) resposta, o desejo adiado, o calor que te baixa a pressão, a amor que é maior do que sua angústia, se é tudo isso junto. Vc sabe que é dificil os outros entenderem, mas as palavras saem pra passear e só o que vc entende é que às vezes é dificil ser vc. e que se pelo menos vc fosse capaz de se explicar, tudo seria mais fácil.  não precisaria se sentir tão alienígena nisso tudo.mas não há nenhum tipo de alívio na loucura compartilhada. em falar sabendo que não está fazendo sentido, não tem lógica, e as pessoas que você mais precisava que entendessem serão as primeiras a se afastar. bem. eu me afastaria de mim correndo, se tivesse escolha.
vc nem sabe explicar o que dói, nem os motivos. achava que era por algum mecanismo de autopreservação, mas agora vejo que não é nada disso, é mais como uma ignorância de mim mesma, uma falta de palavras. eu apenas não sei, até que me atinja. e quando atinge fragmenta tudo e não sei interromper, não sei fazer parar de doer. "não sei" deve ser a frase mais repetida no meu dia, da hora que acordo até a hora em que (não) vou dormir, numa perplexidade eterna por todas as coisas que não consigo fazer dar certo. e pareciam tão fáceis.

1 de set. de 2012

Tantos Clichês

Eu dou uma topada no pé da cama, o meu pé dói, eu xingo. Um pouco porque doeu, um pouco porque eu sou desbocada mesmo. Eu choro um pouquinho. Eu decido que tá doendo muito e tenho que chorar mais um pouquinho. Eu derramo muitas lágrimas. Eu decido que ainda está doendo, então eu preciso chorar mais. Não para de doer. Eu me acho uma idiota. Como eu não vi o pé da cama? Eu choro um pouco pela dor - ainda tá doendo - e um pouco por ser idiota. Eu decido que sou muito idiota, talvez a pessoa mais idiota do mundo. O pé da cama sempre esteve ali, por que eu não desviei? Ainda tá doendo, não para de doer e além disso eu sou uma idiota. Sou mais idiota ainda porque não consigo esquecer. Já passou, foi há tanto tempo. Por que eu ainda tô pensando nisso? Eu tento andar com a dor. Dói mais ainda. Como eu sou idiota, nunca vai parar de doer. Como eu permiti que isso acontecesse? Bastava desviar do pé da cama. Eu fui idiota e dei uma topada e agora não consigo nem andar.

Daí eu choro porque bati o pé, porque sou idiota, porque não consigo esquecer, porque eu não consigo andar direito e por que mesmo, hein?