30 de dez. de 2010

queria ficar quietinha no meu canto, terminando de fazer o trabalho que tenho pra fazer e voltar pra minha cama. não interagir, não pensar, não sentir. e daí aparece essa gente toda, com um monte de problemas e querem falar. e querem ajuda. e querem atenção. e não respeitam seu dia, sua semana, seu mês, ano e vida ruíns. as pessoas se comportando como se eu fosse uma atendente do cvv. galere, não sou atendente do cvv. liga pro pastor rr soares. ou pro seu terapeuta, ou pra sua mãe. mas me deixa. sabe assim, eu nem encho o saco de ninguém com meus mimimimis. tipo só do terapeuta, mas daí eu tô pagando, né.e do blog, mas daí nem to pagando mas ele é meu. quem vem aqui e lê essa ladainha é por livre e espontânea vontade, tranks então. é assim, se vc ligou e eu não atendi ou retornei é porque não tava a fim de falar com vc nem com ninguém. então não se ofenda, tá. não é pessoal. é que gente cansa.principalmente no fim de ano. é chato. é fake. e é ridículo. na boa, eu não quero ir à festa, não quero fogos de artificio. não quero simpatia. deixa a champagne comigo e vai comemorar o revéillon e por favor, só volta depois do carnaval. ah, só mais uma coisa - 2010 é tão pau no cu que vai chover até 23:59.

Contardo, que ano é hoje?

(...) Às vezes, é justificada a sensação de que, sem um sumiço, uma relação se eternizaria pela simples dificuldade de qualquer um dos dois reconhecer que acabou. Onde está a covardia, e onde a coragem? Não sei. Talvez haja covardia em não conseguir declarar que um amor terminou, assim como talvez haja covardia na incapacidade de escutar essa declaração. Há a covardia de quem some e também de quem sobra, quando ambos parecem precisar do sumiço de um dos dois para aceitar que a história chegou ao fim.

Há covardia também em fingir que a relação continua, quando ela já morreu. Alguém, aliás, pode sumir para fugir de sua própria covardia, que o mantém calado, ou para fugir da covardia do outro, que não quer ouvir uma frase de despedida.(...)

Por bárbara c. |

carta aberta aos encostos

ei, eu te entendo. sei como é difícil. machuca.
você fica feliz de vê-la chorar, mas sente culpa. e depois vem um vazio. e aí você preenche com tudo isso de novo. ou dá um tempo e corta o cabelo, ou faz e desfaz suas luzes. ou coloca um monte de fotos no facebook pra mostrar o quanto foi feliz em frente da câmera nova. e continua um vazio. que você preenche com radiohead ou revista de fofoca. com discussões sobre nietzsche ou contos das suas intermináveis aventuras na night. e você enche a cara e se sente livre. grita que se acha incrível atravessando a faixa de pedestres no meio da madrugada. e depois cai no choro. anonimamente. eu sei.
mas, sabe, o amor, o trabalho, a família, o dinheiro, o bicho de estimação ideais nunca vão existir ao mesmo tempo. eu sei que você quer tudo. eu sei que você tem ambição. e entendo que o que te falta é o que te faz querer estar no lugar de alguém. e que dói. e que você, talvez sem maldade, deseje que o feliz seja infeliz como você. mas, sabe, chega disso. chega disso porque ninguém é completo. chega. coragem, sabe? coragem pra se descolar dessa muleta. coragem pra desapegar daquele amor, daquele trabalho, daquele dinheiro. coragem.
seja feliz, por favor, e me esqueça. pra variar. eu não tenho culpa…

28 de dez. de 2010

Tati quer entender...

por favor, me ensina, o que fazer, vou fazer o mesmo com o meu. Vou mandar junto com o seu. nosso amor pro inferno, longe, explodido, nada. e a gente almoçando em paz falando sobre o tempo e as pessoas escrotas e o filme da semana. bela merda isso tudo, bela merda você, bela merda eu, bela merda todos os sobreviventes que riem e fazem suas coisas e almoçam e falam de filmes. E por dentro o buraco gigante preenchido por antidepressivos, ansiolíticos, calmantes, cervejas, maconhas, viagens e mais reuniões. pra onde foi o amor? de pé seguimos pra nunca saber, pra nunca responder, pra nunca entender. pra onde?

As melhores

23 de dez. de 2010

se não for hoje, um dia será. algumas coisas, por mais impossíveis e malucas que pareçam, a gente sabe, bem no fundo, que foram feitas pra um dia dar certo. cfa


Poesia de Natal

Enfeite a árvore de sua vida
com guirlandas de gratidão!
Coloque no coração laços de cetim rosa,
amarelo, azul, carmim,
Decore seu olhar com luzes brilhantes
estendendo as cores em seu semblante

Em sua lista de presentes
em cada caixinha embrulhe
um pedacinho de amor,
carinho,
ternura,
reconciliação,
perdão!

Cora Coralina

14 de dez. de 2010

é isso mesmo, arnaldo. finde ano no trabalho...

Canção do Carcereiro
Jacques Prevért

Aonde vais belo carcereiro
Com essa chave manchada de sangue
Vou soltar aquela que amo
Se ainda for possível
E que tranquei
Ternamente cruelmente
No mais profundo do meu tormento
Nas mentiras do futuro
Nas bobagens das juras
Quero soltá-la
Quero que seja livre
Até para me esquecer
Até para ir-se embora
Até para voltar
E também para me amar
Ou para amar um outro
Se esse outro lhe agradar
E se ficar um dia sozinho
E ela só em idas
Guardarei sempre
Nas minhas duas mãos côncavas
Até o fim dos dias
A doçura dos seus seios modelados pelo amor.

assim,

sem querer ser chata, mas eu pagaria muitos dinheiros (se os tivesse, óbvio) para fazer terapia com o contardo. meu terapeuta super torce o nariz.é que eu chego lá eufórica quando leio coisas como esta ó. contardo me adiciona.

Por que a geladeira tem luzinha, o forno tem luzinha, o micro-ondas tem luzinha e o freezer não tem?

Problema: em geral, o modelo do amor graças ao qual seríamos “alguém” (que sempre significa “alguém muito especial”) é o momento em que, pendurados ao peito materno, ou melhor, com a mãe pendurada aos nossos lábios, estaríamos ao centro de um mundo controlado por nós: basta chamar, chorar etc. para que ela apareça e nos faça felizes.
Logicamente, com esse sonho narcisista encravado no nosso âmago, torna-se difícil lidar com separações, frustrações etc. E, infelizmente, o mundo é um pouco mais cruel do que a mãe-padrão e sempre muito mais cruel do que a mãe mítica e escrava que gostaríamos de ter tido.
À força de brincar com cobertores e chupetas, a gente deveria aprender a 1) dispensar cobertores e chupetas, 2) lidar com a precariedade da presença e do amor dos outros. Mas não é tão simples assim, até porque, nessa tarefa, o mundo não nos ajuda. 

Contardo Calligaris 

13 de dez. de 2010

melhor jornal do brasil... me contrata?

Como não fazer nada na segunda a tarde,

eu  tô procrastinando pesquisando na internet (hahahahahaha) e não posso deixar de compartilhar aqui o resultado de tão relevante trabalho. primeiro que acho que vou morrer de saudades do companheiro lula, depois que pra mim esta é a frase do ano - "Cuméquichama… viquiliques lácumé". hahahahahahaha... "passa em branco a mensagem" .amo muito. se Julian Assange fizesse comigo o que tá fazendo com  a diplomacia mundial eu muito já o teria envevenado com chumbinho. mas é legal isso de jogar as mentiras merdas diplomáticas no ventilador de teto.me sensibiliza.acho digno e revolucionário. só que se essa parada de processar/prender porque transa sem camisinha é tipo a pior desculpa da história da humanidade para violar liberdade de expressão e censura. mas né, imprensa e liberdade de expressão pra quê.lula, me adiciona?

 

Xico Sá no café da manhã

Para beijar a lona do amor e da sorte


- Só não vou te perguntar se vens sempre aqui porque a casa inaugurou hoje.
Acreditem, com esta abordagem lindamente ingênua, uma rápida e metalinguística variação do infrutífero clichechão “vens sempre aqui?”, mr. Abelha, um amigo que flana na noite de SP, despertou na gazela um daqueles sorrisos que muitos bacanas só conseguem em troca de um diamante, um presente da Tyffani´s ou 12 trabalhos de Hércules.
Mr. Abelha não tem bala na agulha para bancar uma bonequinha de luxo, também não é um típico “maníaco do trechinho”, como chamamos aqueles supostos intelectuais que disparam duzentas citações e frases de efeito por minuto. Ele tem apenas a manha de fazer sorrir a mais existencialista das afilhadas de Jean-Paul Sartre. E isso é o que conta no primeiro momento, seja qual for o estilo do cavalheiro.
Se o camarada não for lá, digamos assim, um gato, vai carecer ainda mais do poder da simpatia e do algo mais. Sim, um mal-diagramado, caso deste cronista que vos aborda, sabe muito bem que a sua luta é quase sempre por pontos, ali na corda do discurso amoroso, minando a resistência da moça no ringue mais lírico, riso a riso, drinque a drinque, gesto a gesto.
O contrário do bonitão, do galã, sempre confiante, pois está acostumado a vencer por nocaute –embora muitíssimas vezes quebre a cara e volte para casa mascando o jiló do desprezo.
Sim, os desprovidos, como se diz, da beleza padrão, carecem ganhar sempre por pontos; os bonitões guardam na caixa torácica a soberba do triunfo por nocaute.
O melhor de tudo, para sorte nossa, é que a beleza é passageira e a feiúra só acaba no túmulo, como dizia o doce canalha fancês Serge Gainsbourg. Com essa conversinha mole, e muito charme, óbvio, o autor da clássica "Je t'aime moi non plus", a chanson mais tocada nos motéis do mundo inteiro, teve belas e quentíssimas histórias de amor com Jane Birkin e Brigitte Bardot, entre outras tantas fraquinhas da época.

8 de dez. de 2010

Lucidez

“Mansão e imóvel de luxo não são termos adequados para descrever as casas dos traficantes no Complexo do Alemão. O que define uma mansão? É o espaço? A localização? O valor de mercado? Sob nenhum desses critérios aquelas casas podem ser consideradas ‘de luxo’. Não entendo a surpresa das pessoas com as banheiras de hidromassagem, as piscinas, as TVs, o quadro do artista pop juvenil [Justin Bieber] na parede encontrados ali. Ora, são os valores da nossa sociedade, do capitalismo, que os tornam objetos de desejo. Os traficantes são socializados nessa cultura do consumo, como todos nós. A opção pelo tráfico também se dá pelo status (ser temido, reconhecido e assim por diante), mas se dá primordialmente pela possibilidade de ter bens de consumo. Então por que a surpresa? As pessoas, em particular a classe média da zona sul e da Barra, ficam incomodadas com a pouca nitidez da diferença entre ‘nós’ e ‘eles’, com o compartilhamento do imaginário de consumo. Entrar no mundo opaco da favela e encontrar um espelho das suas aspirações parece desestabilizar a certeza tão consolidada e cultivada de que os traficantes em particular e os moradores de favelas em geral são ‘os outros’.”

6 de dez. de 2010



ace una semana escuché por la radio un programa dedicado a la felicidad. Allí dijeron que la felicidad se alcanza cuando algo que se deseaba logra conseguirse. Y que una gran felicidad llega cuando se consigue algo que se deseaba mucho. Aunque después, cuanda ya se ha conseguido, se termina la felicidad, porque la felicidad es, en realidad, el camino a la realización, y no la realización misma.
Mamá dice que si una persona tiene miedo de que le roben, le robarán sin falta. Que en la vida siempre te sucede precisamente aquello de lo que tienes miedo. Por eso nunca hay que tener miedo. Y en realidad es así. Cuando en clase tengo miedo de que me pregunten, irremediablemente me preguntan.
Y en el relato de Cortázar ‘Final del juego’, se dice ‘nos pareció maravillosa’. Estas palabras ejercen tal influencia sobre mí que alzo los ojos y pienso. En ocasiones me parece que vivir es maravilloso. Pero en ocasiones todo pierde interés y le pregunto a mamá: ‘Para qué vive la gente?’ Ella responde: ‘Para sufrir. El sufrimiento es la norma.’ Entonces papá recplica: ‘Es la norma para los idiotas. El hombre está hecho para la felicidad.’ Mamá comenta: ‘Has olvidado añadir que es como el pájaro para el vuelo. Y también que la compasión es humilliante para el hombre.’ Papá responde: ‘Por supuesto que es humillante, porque sólo los imbéciles y las imbéciles cuentam con la compasión. La gente inteligente cuenta consigo misma.’ Pero mamá dice que la compasión significa piedad, coparticipación en el sufrimiento, y que esto es lo que sostiene el mundo, y que también es una facultad que se da en muy poca gente, incluso entre la gente inteligente.
Es un desagradable este Zagoruiko. Todo lo que piensa lo dice, aunque la educación le sea dada al hombre precisamente para que sepa ocultar sus verdaderos sentimientos, en el caso de que éstos estén fuera de lugar.
Viktoria Tókareva, em “El Día Más Feliz (Relato de una Adolescente Precoz)”

3 de dez. de 2010

é isso mesmo, arnaldo?



Substantivo masculino.
3.Qualidade inerente a uma pessoa, animal ou coisa.
4.
Os traços psicológicos, as qualidades, o modo de ser, sentir e agir de um indivíduo, um grupo, um povo.
5.
Gênio, humor.
6.
Firmeza de atitudes.


Substantivo feminino.
1.
Aspecto varonil.
2.
Nobreza de caráter; dignidade, brio.

cinco

2 de dez. de 2010

teoricamente

era assim, eu não podia nem tinha tempo para mais nada na vida. e mesmo assim não resistí e aceitei participar do projeto mala de leitura.aceitei porque iria medivertir trabalhar com os pequenuchos do maternal III. quer coisa mais "oooowww" do que isso? e depois que começou, eu passei a ter uma hora de felicidade completa às quintas-feiras. teve tanta coisa linda, surpreendente, encantadora, emocionante que é até dificil saber o que teve de melhor. porque teve aquela vez que eu fui de sandália havaiana e eles ficaram o tempo todo me perguntando porque eu tava usando o chinelo de ir para a piscina na escola. ou quando o pedro disse "que quando ele for muuuiiiiito graaandeee ele vai destruir todos os monstros que moram no quarto das pessoas e todo mundo ia ser muuuiiito felizes,né?" e eu sem noção perguntando "e os monstros que moram em outros lugares?" e todos com as carinhas mais assustadas do mundo. tipo como a gente não pensou nisso antes? eu arrasada e a professora me zoando depois: mm, não conta pra eles que papai noel não existe, tá?"
e hoje foi o último dia, e eu quase estraguei tudo com mimimimimi. depois da hora do "juntatudonamala" eles começaram a falar que "vai ser férias, sabe mm. aonde vc vai ficar com a mala?" e eu me segurando pra não chorar ali mesmo. agora que acabei de chorar na sala dos profs. vou pra casa fazer o relatório e chorar na cama. adoro um draminha. "é isso mesmo, arnaldo?"

1 de dez. de 2010

Feiras de orgânicos em Belo Horizonte:


Feira da Praça ABC
Toda Terça-feira de 14h às 18h15
Rua Cláudio Manuel, esquina com Getúlio Vargas e Afonso Pena (ao lado da Padaria Bonomi)

Feira da Praça JK
Toda Sexta-feira, de 6h30 às 12h
Final da Av. Bandeirantes

Feira da Pampulha
Todo Sábado, de 8h às 12h
Praça Alberto Dalva Simão
Final da Av. Santa Rosa, na Orla da Lagoa da Pampulha

Feira Terra Viva - www.redeterraviva.com.br
Todo 2º e 4º sábado do mês, das 09h às 13h (exceto feriados)
Local: Espaço Santê - sede da ONG 4 Cantos do Mundo
Rua Mármore, 258, Santa Tereza

6 de out. de 2010

Aurélio Houaiss Michaellis da Silva

não consigo levar a sério uma pessoa que escreve PALTA, assim na alta, sem dó.não sei como lidar.e que vem pagar sermãozinho tipo: vc não presta atenção nos sinais que a vida te dá e mimimimi.pode até ser né. mas presto atenção na gramática.hoje tá foda. rivotril não dá conta não.
A rua
Cassiano Ricardo

Bem sei que, muitas vezes,
O único remédio
É adiar tudo. É adiar a sede, a fome, a viagem,
A dívida, o divertimento,
O pedido de emprego, ou a própria alegria.
A esperança é também uma forma
De continuo adiamento.
Sei que é preciso prestigiar a esperança,
Numa sala de espera.
Mas sei também que espera significa luta e não, apenas,
Esperança sentada.
Não abdicação diante da vida.
A esperança
Nunca é a forma burguesa, sentada e tranqüila da espera.
Nunca é figura de mulher
Do quadro antigo.
Sentada, dando milho aos pombos.

ó, como sofro,

é verdade.sabe gente que tem a moral de ser equilibrada, ponderada, ter perspectiva das coisas, etc.então, esquece. sou exatamente o contrário disso.tipo quando o lado profissional tá bem o pessoal tá fudido e o familiar a caminho.vida sexual-sentimental não trabalhamos.como diz minhamiga no msn, estado civil: ninguém quer me comer.então,agora eu que-me-borro-de-medín-de-agulha-e-sangue vou ter que mesubmeter (hahahahaha) a uma cirúrgia que segundo a médica-eu-sou-pollyana ever, é uma coisinha de nada (no dos outros é bem bom, né).quer uma metáfora da minha vida.pedi pra minha calega comprar um lanche e a mulher me aparece com um biscoito (pitstop) "sabor pão na chapa."e ahora estoy a cá  toda lista, maquiada e de sandália havaiana porque né.desisti do aniversário uma vez que terei  que ficar 48 hs sem beber.sabe assim uma pessoa que só toma no cu? prazer.

4 de out. de 2010

Tiririca Fail

Direto do Manual de Redação da Presidênvia da República do Brasil: pág 10



"Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação."


1 de out. de 2010

o tio do elevador da terapia diz que vai ficar tudo bem. os meus amigos que apesar de tudo estão aqui pro que der e vier convidam pra tudo. mas hoje não galera.hoje é só comigo.porque na verdade a única coisa que estou sempre esperando e querendo é ir embora.

Sim,

eu muito poderia desabafar com o personare, mas, né?precisando desabafar agora. então, acabei de descobrir que passei o último ano e meio estudando pra nada. o google vem e me fode.tipo um ano e meio de latim pra quê brasil?nada a ver, mas, tô meiputa com o google.

25 de set. de 2010

eu tenho um problema.não, tenho vários. mas vou falar de um só agora. eu era uma menina tão melancólica que, quando lembro, quase dói.mas é preciso deixar ir.para não chorar no caminho de volta, basta não ir ou não voltar.

20 de set. de 2010

"Se fosse possível rasgar e jogar fora o passado, como o rascunho de uma carta ou de um livro. Mas fica sempre aí, manchando a cópia passada a limpo, e eu acho que isso é o verdadeiro futuro."
Julio Cortázar, em “Cartas de mamãe”

Letras da vida

por Bruno Moreschi
publicado revista Vida Simples (08/10)

Numa roda de amigos, a conversa é sobre literatura. Cada um revela ao outro o que está lendo. Num misto de esnobismo e insegurança, alguém diz que está “relendo” determinado livrão clássico. Mentira. Receoso de colocar em questão sua reputação intelectual, a pessoa dificilmente assumiria que lê pela primeira vez alguma obra conhecida, como um Hamlet, do inglês William Shakespeare, ou um Crime e Castigo, do russo Fiódor Dostoiévski.

O escritor italiano Italo Calvino começou sua obra Por Que Ler os Clássicos, um pertinente ensaio sobre a importância da leitura desses livros, tratando justamente dessa atitude que recende a hipocrisia. De acordo com Calvino, não há idade para começar a ler um livro considerado famoso e respeitado pela crítica. E complementa com um recado consolador aos que temem assumir em público sua incipiente capacidade literária: “Por maiores que possam ser as leituras de formação de um indivíduo, resta sempre um número enorme de obras que ele não leu.”

A frase de Calvino destoa dos inúmeros preconceitos que cercam a literatura considerada clássica pela crítica especializada – ou canônica, numa classificação mais acadêmica. Graças aos inúmeros estudos sobre essas obras, elas podem passar a falsa impressão de serem leituras destinadas apenas a seletos (e eruditos) especialistas.

Isso não é uma verdade. Livros, sejam eles respeitados ou não, foram feitos por seus autores para serem lidos. Na verdade, quem teme ou apenas usa os livros clássicos como grife intelectual tenta se proteger. Ao evitar suas páginas, ficam livres de uma experiência que quase sempre questiona nossas certezas e sugere um mundo mais complexo. Trata-se de uma proteção revestida do mais ignorante dos medos. Aquele alimentado por ideias ditas pelos outros, não por uma experiência individual de leitura.

Diversão e arte
É preciso relativizar o senso comum que diz que clássicos são sinônimos de leituras maçantes. Não há nada de errado em estranhar sua linguagem nas primeiras páginas. Por serem quase sempre livros antigos, eles são mesmo escritos de uma maneira um pouco diferente da que escrevemos hoje. Nada que alguns minutos de insistência não resolvam.

Ser compreendido e popular era intenção de William Shakespeare, o escritor que revolucionou a maneira como contamos uma história. A prova disso é que o autor inventou mais de 1500 novas palavras para conferir mais clareza aos seus textos. Muitas delas continuam válidas até hoje, como é o caso de gossip (fofoca em inglês). Peças como Romeu e Julieta, Rei Lear e Sonhos de uma Noite de Verão lotavam o teatro londrino The Globe, construído a pedido de Elizabeth I, e apresentações quase diárias aconteciam também na corte de James VI.

Shakespeare não é exceção. Outros autores também se inspiravam em fontes pop de sua época. Publicado em 1605 e escrito pelo espanhol Miguel de Cervantes, Dom Quixote de La Mancha é inspirado nas histórias de heroísmo dos séculos 14 e 15 – todas muito populares em sua época. Autor de A Mulher de Trinta Anos, o escritor francês Honoré de Balzac chegava a construir maquetes dos ambientes em que suas histórias se passavam para poder descrevê-las de maneira clara e realista.

Para não ficarmos somente em autores internacionais, o mineiro Guimarães Rosa levou setes meses para escrever os contos de Sagarana. Quando pronto, guardou a obra por sete anos para, só depois disso, começar uma reescrita completa do material. O esforço era para criar uma linguagem fluida e ritmada, vista por exemplo na descrição de um burro no primeiro conto: “... no algodão bruto do pelo – sementinhas escuras em rama rala e encardida; nos olhos remelentos, cor de bismuto, com pálpebras rosadas, quase sempre oclusas, em constante semissono; e na linha, fatigada e respeitável – uma horizontal perfeita, do começo da testa à raiz da cauda em pêndulo amplo, para cá, para lá, tangendo as moscas”. E há ainda quem afirme que as obras de Rosa são leituras complicadas.

Mesmo assim, é preciso assumir que certos clássicos exigem certa disposição. Alguns são imensos, podem demandar meses a fio para serem lidos. Outros, custosos aos leitores, por causa de uma linguagem mais hermética. Restam duas opções ao leitor em potencial. Uma delas é ignorar essas obras com o frágil argumento de que são mesmo grandes e difíceis. Mais interessante, porém, é tentar entender a razão de o autor ter contado uma história dessa maneira tão custosa a quem a lê. Pode apostar: quase sempre há uma razão bastante justificável para isso.

Escrito pelo francês Marcel Proust no início do século 20, Em Busca do Tempo Perdido é considerado um dos romances mais decisivos, influentes e poderosos da literatura ocidental. Mesmo com tamanho prestígio entre o seleto grupo dos clássicos, o calhamaço de cerca de 3 mil páginas divididas em sete livros assusta a maioria das pessoas. Não deveria. Ao criar 25 personagens principais, Proust almejava um objetivo suntuoso: escrever sobre a relação do homem com sua memória. Seria impossível conseguir destrinchar um tema tão complexo em apenas algumas centenas de páginas. Além disso, diferentemente do que muita gente pensa, Em Busca do Tempo Perdido não é uma obra difícil de ler.

Sem medo
O engenheiro civil Arnaldo Mendes costuma ler em média um livro por semana há pelo menos uma década. “Não é uma obrigação. Faço porque gosto”, diz. No ano passado, decidiu não mais postergar o desejo de ler a obra-prima de Proust. Após seis meses, Mendes avalia: “Poderia ter encurtado esse tempo para a metade. Mas era delicioso parar em alguns momentos e ficar apenas pensando no que tinha acabado de ler.”

Quando terminou de ler a mesma obra, o irlandês Samuel Beckett, autor de Esperando Godot, disse algo semelhante. Ele assumiu que de fato se tratava de uma tarefa cansativa, mas não por causa das milhares de páginas: “A fadiga que se sente é a fadiga do coração, uma fadiga de sangue”. Beckett repetiu o que a maioria dos leitores relatam quando terminam esse livro. Em Busca do Tempo Perdido exige mesmo disciplina e empenho, mas vale a pena pela experiência intelectual que a obra proporciona.

Certa vez, numa entrevista, o escritor norte-americano e ganhador do prêmio Nobel de literatura William Faulkner foi questionado do motivo de seu livro O Som e a Fúria ser tão difícil de ser lido. Ele não aceitou a observação da jornalista de que é necessário ler no mínimo duas vezes para compreender a história. Faulkner corrigiu-a: “Sugiro que leia quatro vezes”.

Nesse caso também há uma razão. Faulkner quis construir um livro em que o fluxo de pensamento dos próprios personagens conduzisse a trama. Cada capítulo de O Som e a Fúria é contado sob o ponto de vista de uma pessoa diferente.

Quem começa a história é Benjamin Compson, um rapaz com deficiência mental. Por isso, os trechos misvida turam sensações: “Peguei no portão mas não senti nada, mas sentia o cheiro forte do frio”. Ao optar por extensas frases com pouca pontuação e pensamentos emaranhados, Faulkner sabia exatamente o que queria. Não à toa, muitos críticos literários o consideram o escritor que revolucionou o texto em primeira pessoa. “Essa história precisava ser contada dessa exata e confusa maneira”, disse Faulkner.

Mas casos como esses não significam que as pessoas são incapazes de ler os clássicos. Em diferentes locais e durante quatro anos, o escritor e doutor em Literatura Brasileira pela USP Ricardo Lísias, autor de O Livro dos Mandarins, comandou um curso sobre os clássicos da literatura. As Flores do Mal, de Charles Baudelaire, Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e Rumo ao Farol, de Virgínia Woolf, foram alguns dos livros que os participantes precisavam ler para, depois, discutir em grupo.

Lísias não teve grandes problemas com as turmas. Ele conta: “É um engano acharmos que as pessoas não entendem os clássicos. Durante as aulas, elas possuíam varias opiniões sobre as obras, mas quase sempre eram visões bastante pertinentes”.

Rumo ao futuro
Livros clássicos não são sinônimos de obras perfeitas. Eles são chamados dessa maneira algo pomposa apenas por serem obras que passaram por um longo processo de legitimação – produzido em grande parte pela academia e passível de questionamentos a qualquer momento.

Em O Cânone Ocidental, o crítico norte-americano Harold Bloom analisa essa dinâmica existente entre os clássicos. A seu ver, obras literárias travam uma peleja freudiana em que se infuenciam pelo passado, mas também tentam constantemente romper com seus antepassados. Platão lutava para que seus escritos fossem mais relevantes que os de Homero. Crime e Castigo, de Dostoiévski, e a teoria psicanalítica de Sigmund Freud jamais seriam criados sem Shakespeare. Na ânsia de desafiar a maneira como esse mesmo autor inglês conta uma história, Beckett, Proust, Kafka e Joyce escreveram seus livros. Joyce, aliás, foi além: para escrever Ulisses, apropriou-se da narrativa da Odisseia, de Homero.

Bloom: “A tradição não é apenas um passar adiante ou um processo de transmissão benigna; (...) Poemas, contos, romances e peças nascem como uma resposta a poemas, contos, romances e peças anteriores”.

Entender esse jogo torna a leitura de clássicos algo menos fetichista. Muito mais que obras escritas por iluminados, eles são frutos da tentativa consciente ou inconsciente de escritores que almejavam adentrar na história da literatura. E só por esse esforço suas obras já merecem uma leitura.

Sempre atuais
Em 2002, o filho mais novo da aposentada Elem Seravali seguiu o caminho do mais velho e foi estudar fora. A casa em Maringá (PR) pareceu maior do que já era. Por sugestão dos filhos, ela resolveu começar a ler alguns livros da estante da sala de estar – antes, eles estavam ali mais como decoração. Desde então, Elem leu muito, e O Morro dos Ventos Uivantes, da britânica Emily Brontë, é seu livro favorito.

Suas opiniões acerca dos clássicos estão em sintonia com as ideias de dois especialistas respeitados. Elem diz: “Antes de lê-los, achava que livros antigos não serviam para os dilemas atuais. Era um engano meu.” Em O Prazer de Ler os Clássicos, o escritor Michael Dirda complementa: “As vozes verdadeiramente marcantes, uma vez ouvidas, jamais deveriam ser esquecidas”.

Elem também acha interessante ler obras mais antigas justamente pelo motivo que espanta tantas outras pessoas: sua escrita diferente, não tão usual como a vista em livros mais novos. “Essa estranheza me permite imaginar muito mais coisas”, diz. O escritor italiano Umberto Eco compara essa possibilidade de imaginar que a escrita nos oferece como um passeio por um bosque em que caminhos se bifurcam. “Todos podem traçar seu próprio caminho. Num texto narrativo, o leitor é obrigado a optar o tempo todo”, escreve o teórico e ficcionista em Seis Passeios pelos Bosques da Ficção.

Antes de largar a vida de escritor aos 22 anos e viajar até o dia de sua morte, o poeta francês Arthur Rimbaud disse algo emblemático: “O poe ta se faz vidente por um grande, imenso e racional desregramento de todos os sentidos”. Esse esforço intelectual foi experimentado também por grande parte dos escritores canônicos. Ao caminharem por bosques desconhecidos, esses autores escreveram relatos sobre a experiência. Se deixarmos de lado receios infundados, eles podem ser lidos por qualquer um de nós.

19 de set. de 2010

o que acontece é assim

la lluvia

bruscamente la tarde se ha aclarado
porque ya cae la lluvia minuciosa.
cae o cayó. la lluvia es una cosa
que sin duda sucede en el pasado.
quien la oye caer ha recobrado
el tiempo en que la suerte venturosa
le reveló una flor llamada rosa
y el curioso color del colorado.
esta lluvia que ciega los cristales
alegrará en perdidos arrabales
las negras uvas de una parra en cierto
patio que ya no existe. la mojada
tarde me trae la voz, la voz deseada,
de mi padre que vuelve y que no ha muerto.
jorge luis borges

Zoando JC

O Urso bipolar

é um sol besta na savassi todo mundo passeando e comendo espetinho tomando cerveja comprando livrinho roupinha vadiando pedindo dinheiro dando entrevista por aí na savassi baianas café olha a vida essa tarde olha a mineira do norte que passa dourada o casal de sapateen e suas tatuagens  e tais, o estudante barbudo com seu jornal badobraço a loira  savassi perfumão  brega desáine dj assina o cardápio da  loja de celular é assim linda assim desse brasil tão comum tão fetiche da mercadoria mas onde não é? toda capital é de algum modo caipira, perto de toda praça mora a sua boemia, suas violências e concertinas, suas hordas de anjos em caminhos escuros. savassi , das livrarias , dos cafés e das meninas de tantos cabelos, das minhas tardes imortais, das minhas tardes imorais.

16 de set. de 2010

Quando tornar a vir a Primavera
Talvez já não me encontre no mundo.
Gostava agora de poder julgar que a Primavera é gente
Para poder supor que ela choraria,
Vendo que perdera o seu único amigo.
Mas a Primavera nem sequer é uma cousa:
É uma maneira de dizer.
Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas verdes.
Há novas flores, novas folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete, porque tudo é real.
Alberto Caeiro

Tati queria

amar como um pastel e só por isso, poder dizer “ah, durou coisa aí de uns quatro, cinco anos”. Queria sentir o amor que dorme ao lado, come, faz piada de banheiro. O amor menor. Dos casaizinhos que viajam para quartos pequenos de pousadas vagabundas e dividem cheiros de bosta em meio a declarações de uma vida inteira. O amor sem a arrogância do amor. Sem retirar o diamante que forma no fígado e sair escoando-se para se gabar. Olha lá o que formei em mim. O amor dos que ficam quietinhos sabendo que podemos mesmo gerar coisas lindas, todos podem, que grande coisa se todos podem. Mas ela não. Arrogante demais para não alardear o diamante ao ponto de contar primeiro aos ralos porque ninguém bom suporta o peso da vaidade. Queria o amor dos que podem corar e flanar e tomar milkshakes. O amor dos espertos, afinal. Queria mesmo? Não, nem isso e nem a camisolinha. O que ela queria? Os amigos pra boa música, bons restaurantes, bons livros e bom sexo oral.

10 de set. de 2010

"O processo de escrever é feito de erros - a maioria essenciais - de coragem e preguiça, desespero e esperança, de vegetativa atenção, de sentimento constante (não pensamento) que não conduz a nada, não conduz a nada, e de repente aquilo que se pensou que era 'nada' era o próprio assustador contato com a tessitura de viver - e esse instante de reconhecimento, esse mergulhar anônimo na tessitura anônima, esse instante de reconhecimento (igual a uma revelação) precisa ser recebido coma  maior inocência, com a inocência de que se é feito".

Clarice Lispector

9 de set. de 2010

# Fail

sabe a Felicia? então, eu sou a Felicia das plantas. gosto tanto que mato encharcada ou seca. e isso sempre foi tipo uma frustração. daí que resolvi radicalizar e comprar um cactus.toda uma esperança, porque, né. se o bicho sobrevive no deserto, aqui em casa, no meu banheiro vai ser tranks.
então.o cactus jaz estropeado na pia do banheiro.muerto.e o comentário de malhação id: - mãe, cê teve a manha de matar o cactus?fora que ele chama a bancada do meu banheiro de "o laboratório de Dexter".

8 de set. de 2010

FSP me deprimindo depois do feriado...

adoro gente que se fode todo pra casar.toda uma vibe maria del barrio...hahahahaha


nem é legal destruir assim, a seco, a desculpa dos outros.né dona folha?

Medialunas

Você senta para ler o jornal e come medialunas. Você está sozinho porque não sente necessidade de dividir esse momento com ninguém. Você pensa em todo mundo que faz parte da sua vida e nos que deixaram de fazer, e entende que ainda falta encontrar tantas pessoas e que você também vai se afastar por conta própria de muitas delas, porque é assim que as coisas são e não há nada de mau nisso, pelo contrário, você está contente de ter descoberto as regras do jogo e não se sente tão especial.
Fabrício Corsaletti em “Golpe de Ar”

3 de set. de 2010

Transforma-se o amador na coisa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está ligada.
Mas esta linda e pura semidéia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim como a alma minha se conforma,
Está no pensamento como idéia;
O vivo e puro amor de que sou feito,
Como a matéria simples busca a forma.
Camões

2 de set. de 2010

Vou-me Embora pra Pasárgada



Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha falsa e demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
 
Manuel Bandeira

30 de ago. de 2010

Tá na Piauí

Coração chora.
Cabeça tenta ajudar coração.
Cabeça explica mais uma vez ao coração como são as coisas:
Você vai perder todas as pessoas que ama. Todas elas irão embora. Até a terra irá embora, um dia.
Então coração se sente melhor.
Mas as palavras da cabeça não duram muito nos ouvidos do coração.
Coração é muito novo nessa história.
Quero ter eles de volta, diz coração.
Cabeça é tudo o que coração possui.
Socorro, cabeça. Socorra o coração.”
Cabeça, Coração, miniconto da norte-americana Lydia Davis

Injustiças da vida...

não concordo com o fato da pessoa ser alta e ainda ganhar mais.puta sacanagem. devia ser proibido.ou a pessoa é alta ou ganha bem. Há de haver um equilíbrio.escolheu ser alta?então bora acordar cedo, ralar muito e ganhar pouco.tudo não terás, darling

27 de ago. de 2010

 I
- O que vc fez no cabelo?
- Escova Progressiva, gostou?
- Ehhh...
Uma hora depois, no telefone...
- Tá, taqui sim... hahahahahaha.
- Ela é tão do contra que, olha só, as mué por aí fazem escova progressiva, né?
- A que ela fez é regressiva... o cabelo ficou pior do que tava antes... hahahahahaha...
- Pai, com quem vc tá falando aí?
- Ninguém, era engano...


II
Nós dois assistindo a novelassione...
- Pô essa menina é linda demais!
Acordando do 25º cochilo...
- Qual?
- Essa aí
- Não, não acho não...
- Prefiro Camila Pitanga...
- Ah é? Quem mais?
- Juliana Paes, Cléo Pires...
- Pai!!! Chocada!!! Nem sabia que vc conhecia esssas barangas...
- Conheço só pela televisão... mas tá bom, né?
- Tá ótimo pai... bom mesmo... hahahahahaha.
-

24 de ago. de 2010

Nylon Smile

tenho vivido com os dois pés atrás, num constante estado de alerta, como se a qualquer momento alguém possa dar um passo em falso ou uma pisada na bola e fazer disso a gota d'água pra mim. todo um realismo-pessimista endurecido pelas perdas. perdi coisas, perdi oportunidades e perdi, principalmente, pessoas. uma coisa foi levando à outra e jogando na minha cara que certos passos e movimentos não valem a pena. desapeguei, desisti, mandei à merda. ando desacreditada, o que tem me deixado exigente demais, implacável demais, chata demais. minhas exigências não são altas, mas quero que ao menos as mais baixas sejam cumpridas. não faço uma ode à solidão, que fique claro, muito menos prego aquela besteira de medo de se machucar de novo ao se envolver com alguém, só não quero mais qualquer um. só não quero mais me voltar para a direção daqueles que me fazem mal ou que simplesmente não fazem porra nenhuma. uma hora a gente cai na real e pára de pactuar com gente louca ou interesseira ou superficial ou blá blá blá - preguiça de pensar nos exemplos dessas quase-gentes. eu finalmente caí e parei. simples assim.


23 de ago. de 2010

Fabrício Corsaletti. gostando cada vez mais...

O QUE EU QUERO DE VOCÊ
 
não quero voltar para casa    
no seu abraço
não busco o que perdi
nunca pensei fazê-la cúmplice
da minha solidão
nem me passou pela cabeça
jogar sujo
com você --
 
você é o vento quente
que me acompanha
o enigma que não precisa ser decifrado --
 
de você eu quero apenas
um filhote de lobo
um filhote de lobo
para morder minha mão direita
quando eu estiver no escuro
depois que o amor acabar

Hahahhahahahaa.... Sua melhor amiga pode mandar isso prá vc? Nãaaaooo!!!

Capricórnio (23 dez a 22 jan)
Você é conservador, sério, frio e inflexível como uma baixela de inox. Sua fidelidade e paciências não encobrem seu lado materialista e ambicioso, mas quem se importa? Se a grana está entrando... Os capricornianos são um sucesso como bancários, banqueiros, agiotas, ex-esposa, segunda esposa ou mesmo contando dinheiro em casa.

16 de ago. de 2010

O meu olhar

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Alberto Caeiro

Flores em você

11 de ago. de 2010

ABERTAS MATRÍCULAS PARA O MINICURSO

LIT 877 - U Seminário de literatura e outras artes: pinturas (d)escritas: o discurso sobre arte mediado pelo romance (15h/1cr – de 13 a 17 de setembro – sala 2002)


Matrículas de 11 de agosto a 13 de setembro, na Secretaria do Pós-Lit/FALE - sala 4019,
de 13h30 as 17h

10 de ago. de 2010

serviçu

novo.sabe como é.duzentos nomes para decorar.mil coisas novas para aprender.cem novos acordos para entender.dá trabalho isso. só agora tô tendo um pouco mais de tempo para a procrastinação.e olha que  eu super descobri que não vai rolar de ser funcionária pública não.nem é paunocuzice.é que não consigo conviver tranquilamente com pessoas que gastam dois dias para fazer um trabalho que poderia ser feito em duas horas e todo mundo achar normal.vinte pessoas para atender e dez coisas para fazer e geral fecha a porta e vai tomar café de trinta minutos.fora o fato de que a cada dia eu estou num lugar diferente.e os fp's não param de me surpreender com as mais variadas formas de folgar a serviço da nação.ao mesmo tempo fico pensando em como eu desprezo o dircurso empreendedor/comprometido da iniciativa privada.o fato é que se a minha situação financeira não fosse, neste momento, tão ferrada quanto a do haiti, eu já teria dito o que eu realmente penso destas pessoas.ah, e ao fato de agora o fabi do tai-chi me ajudar a ser uma pessoa mais equilibrada.uma pessoa que não surta porque esquece o crachá e tem que colar etiquetinha adesiva na blusa nova.e nem se importa com um milhão de siglas estranhas que, teoricamente, teria que aprender de cara.uma vez que seguirei o exemplo dos meu colegas e só conseguirei isto a dois dias de ser despedida ou no caso deles, se aposentar.é punk a coisa aqui, ou melhor punk-bossa-nova.tô tão no clima que fui fazer o exame pra renovar a habilitação e cheguei esbaforida, explicando para a moça do guichê 03 que eu estava 30 minutos atrasada mas que era porque mimimimi... ela olhou o papel.olhou pra mim com compaixão e disse - sra., o seu exame é amanhã.sem mais.

oooowwwww

9 de ago. de 2010

Uma semana atrás...

- Mãe, vc sabia que hoje é o dia do orgasmo?
- É linda? Nem sabia.
- Mas quem te contou?
- A Júlia... me falou no msn...
- E você sabe o que é orgasmo, linda?
- Claro né mãe... é uma coisa orgânica.

RADIOHEAD REMIXED

Radiohead - Reckoner (Jonny Miller Remix) by Jonny Miller

Dois e dois: quatro

Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade pequena.

Como teus olhos são claros
e a tua pele, morena

como é azul o oceano
e a lagoa, serena

como um tempo de alegria
por trás do terror me acena

e a noite carrega o dia
no seu colo de açucena

- sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena

mesmo que o pão seja caro
e a liberdade, pequena.
 
Ferreira Gullar

6 de ago. de 2010

um filminho sobre a cidade, com depoimentos.achei poético.daqui.



Cada dia gosto mais...

livre de mim, como querias,
e apavorado,
como não supunhas,
nem poderias evitar,
que será de ti?
contigo, comigo
mas independente de nós
o menino que fomos
mantém-se
fiel a si mesmo
e nada podes fazer
para destruí-lo
a ele não importa
se és feliz
ou culpado
quanto a mim, estarei
sempre
ao teu lado
nunca mais voltarei
a certos lugares
é possível viver
sem voltar
jamais a eles
o que serão
para outros
não sei
pra mim
têm desde já
uma faixa que os cinge:
não entre
cidade fechada,
a ti pertencem agora
as regiões negras
e ocas
do meu peito
_onde nada há
nem houve

Fabrício Corsaletti

2 de ago. de 2010

Roberto Piva

eu caminho seguindo
o sol
sonhando saídas definitivas da
cidade-sucata

isto é possível
num dia de
visceral beleza
quando o vento
feiticeiro
tocar o navio pirata
da alma
a quilômetros de alegria

20 de jul. de 2010

A casa

agora é um lugar animado e confuso, meu quarto e banheiro viraram uma sala de estar de irmãs.então tenho noites de sono atrasado, risadas e estórias em dia.roupas e sapatos trocados e retrocados.colo, abracinhos. dormir junto que a gente odiava na infância agora é festa.a meninada se deliciando com as estórias de infância e meio sem acreditar que pai e mãe já foram crianças também.todas as comidas deliciosas e engordativas.novelas.café com delicias a tarde.receitas novas no jantar.compras.cerveja.vinho.conversas.risadas.presentes e muito muito amor.é bom ter irmãos.é bom ficar em familia umas duas vezes por ano.

18 de jul. de 2010

E

no meu ouvido, o tempo todo soprando. esqueça isso, você não cabe, você não combina, a estrada não é feita pra você, você só pesa nela, só atrapalha.Solitário demais, terrível demais. mas pro outro lado, está vazio.tem espaço pra você.não aguento mais, não aguento mais querer me refilar, não aguento mais querer mudar a química do meu cérebro, não aguento mais pedir perdão.do outro lado, uma estrada imensa.o caminho claro, bonito e sem buracos, dos que desistem...

9 de jul. de 2010

Urânia dá a real...

Ótimo dia para cuidar da saúde, da vitalidade e da aparência. Mas é bem provável que você tenha de enfrentar os medrosos de plantão. Não carregue demais nas criticas. Provas de afeto e bem querer. Pequenas mudanças no cotidiano são favoráveis.

8 de jul. de 2010

Realmente

é uma grande pena que armaduras não sejam feitas em tamanhos tão pequenos e escudos ainda permitam exagerada vulnerabilidade.meu telefone continua a não funcionar.consulados sempre foram lugares imaginários até ontem. só por hoje sinto orgulho de mim mesma. sem muletas. sem fugas. sem bolinhas mágicas.renda emocional própria e exclusiva.escrevo meu futuro à mão. até ontem.

2 de jul. de 2010

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
João Cabral de Melo Neto