22 de jul. de 2010
20 de jul. de 2010
A casa
agora é um lugar animado e confuso, meu quarto e banheiro viraram uma sala de estar de irmãs.então tenho noites de sono atrasado, risadas e estórias em dia.roupas e sapatos trocados e retrocados.colo, abracinhos. dormir junto que a gente odiava na infância agora é festa.a meninada se deliciando com as estórias de infância e meio sem acreditar que pai e mãe já foram crianças também.todas as comidas deliciosas e engordativas.novelas.café com delicias a tarde.receitas novas no jantar.compras.cerveja.vinho.conversas.risadas.presentes e muito muito amor.é bom ter irmãos.é bom ficar em familia umas duas vezes por ano.
19 de jul. de 2010
18 de jul. de 2010
E
no meu ouvido, o tempo todo soprando. esqueça isso, você não cabe, você não combina, a estrada não é feita pra você, você só pesa nela, só atrapalha.Solitário demais, terrível demais. mas pro outro lado, está vazio.tem espaço pra você.não aguento mais, não aguento mais querer me refilar, não aguento mais querer mudar a química do meu cérebro, não aguento mais pedir perdão.do outro lado, uma estrada imensa.o caminho claro, bonito e sem buracos, dos que desistem...
14 de jul. de 2010
9 de jul. de 2010
Urânia dá a real...
Ótimo dia para cuidar da saúde, da vitalidade e da aparência. Mas é bem provável que você tenha de enfrentar os medrosos de plantão. Não carregue demais nas criticas. Provas de afeto e bem querer. Pequenas mudanças no cotidiano são favoráveis.
8 de jul. de 2010
Realmente
é uma grande pena que armaduras não sejam feitas em tamanhos tão pequenos e escudos ainda permitam exagerada vulnerabilidade.meu telefone continua a não funcionar.consulados sempre foram lugares imaginários até ontem. só por hoje sinto orgulho de mim mesma. sem muletas. sem fugas. sem bolinhas mágicas.renda emocional própria e exclusiva.escrevo meu futuro à mão. até ontem.
6 de jul. de 2010
4 de jul. de 2010
2 de jul. de 2010
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
João Cabral de Melo Neto
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