17 de abr. de 2010

às seis da tarde


Por que razão haveria de abrir os olhos,
se o que me rodeia já está dentro de mim.
Em vão perco o que em vão procuro.
Olhando sem olhar,
tocando sem tocar, ouvindo
sem que até mim chegue já som algum,
imóvel,
igual a uma pedra.
Pouco a pouco,
o oculto e o visível transformam-se num só
como o rio
e a sua sombra.
(E o silêncio
é escutar o coração de um anjo.)
Ponho à prova o presente:
o seu ponto de chegada sem chegada.
Pergunto-me quem sou,
quem és,
quem somos.
De pé , em frente ao abismo do silêncio,
começa outra noite.
Josep M Rodríguez, em "A Caixa Negra"

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