16 de set. de 2010

Tati queria

amar como um pastel e só por isso, poder dizer “ah, durou coisa aí de uns quatro, cinco anos”. Queria sentir o amor que dorme ao lado, come, faz piada de banheiro. O amor menor. Dos casaizinhos que viajam para quartos pequenos de pousadas vagabundas e dividem cheiros de bosta em meio a declarações de uma vida inteira. O amor sem a arrogância do amor. Sem retirar o diamante que forma no fígado e sair escoando-se para se gabar. Olha lá o que formei em mim. O amor dos que ficam quietinhos sabendo que podemos mesmo gerar coisas lindas, todos podem, que grande coisa se todos podem. Mas ela não. Arrogante demais para não alardear o diamante ao ponto de contar primeiro aos ralos porque ninguém bom suporta o peso da vaidade. Queria o amor dos que podem corar e flanar e tomar milkshakes. O amor dos espertos, afinal. Queria mesmo? Não, nem isso e nem a camisolinha. O que ela queria? Os amigos pra boa música, bons restaurantes, bons livros e bom sexo oral.

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