4 de nov. de 2011

Ju, miabraça?

Tenho uma relação muito dúbia com essas pessoas focadas. Essas pessoas que passam 10,  20 anos querendo a mesma coisa. Elas vão lá e conseguem porque se tem uma coisa que o Oriente ensinou ao pretensioso Ocidente é que a disciplina vence o talento quando eles se encontram em condições justas de temperatura e pressão.
Parte do tempo, considero essas pessoas focadas as mais espertas de todas. Como elas conseguem isso? Como elas conseguem fazer escolhas e manter escolhas numa época feita para a distração?
Na outra parte do tempo, acho que são só umas coitadas que não entenderam o mundo em que vivem: esse mundo que te permite seguir um tutorial de maquiagem enquanto assiste a uma aula de Yale sendo você esse ser humano sem nenhuma capacidade de usar duas cores de base ou de frequentar Yale.
Só falam mal desses nossos tempos de muita informação, de conhecimento orkutizado, mas ninguém percebe que ser um generalista exige alta dose de coragem? Exige aceitar ser apenas um aprendiz para o resto da vida. É, só pra começar, abrir mão de qualquer ilusão de imortalidade através de uma contribuição, de um legado.
Generalistas não escrevem obras que ficam, não são fontes de autoridade em matérias, não são homenageados. Eles aprendem meia dúzia de coisas pela metade e morrem com essa meia dúzia de coisas, assim mesmo, pela metade. Tem algo de muito bonito e zen nisso aí.

Nenhum comentário: