uma sapataria vagabunda
que vejo
quando subo a Consolação
voltando do trabalho
uma sapataria que não me faz lembrar de nada
em especial
uma sapataria onde nunca entrei
e onde portanto não encontrei
o meu amor
nem vivi
algo que aos 20 anos eu chamaria de
epifania
uma sapataria
cujo sapateiro não engraxa os meus sapatos
porque é longe de casa
ou porque não uso sapato
um lugar que não me intriga
não me comove
não me provoca nenhum pensamento
sobre a atual situação econômica
do Brasil
uma sapataria sem grandes semelhanças
com bicicletas
e cassinos uruguaios
uma sapataria que não depende de mim”
Nenhum comentário:
Postar um comentário