Perder alguém que você ama muito é devastador demais e por mais que se saiba o roteiro, quando é sua vez é diferente de tudo. E a dor vai escalando de um jeito muito maluco... você acha que o pior momento é o enterro, depois a missa de sétimo dia que parece que o corte reabriu e recomeçou a sangrar. Daí vem o primeiro mês da morte e dói como se fosse ontem.
Mas o que rala a cara no chapisco é quando você tá seguindo a vida, até normal, e acontece alguma coisa que te faz lembrar da pessoa e seu primeiro impulso é correr e contar pra ela... mas ela não tá mais aqui e a dor da realidade esmaga o coração. E você? Você chora, e chora...
Falei sobre isso na terapinha: "olha que eu fui a pessoa que viveu um luto sozinha... sem ter com quem dividir a dor, desabafar, chorar junto. Luto por uma pessoa que só eu conheci... talvez agora eu esteja chorando essa perda também. Então sim, acho que vou sobreviver... de novo."
Haverá um ano em que haverá um mês, em
que haverá uma semana em que haverá um
dia em que haverá uma hora em que haverá
um minuto em que haverá um segundo e
dentro do segundo haverá o não-tempo sagrado
da morte transfigurada.
Clarice Lispector
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