27 de dez. de 2008

Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso freqüento bares meio ruins. Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de cento e cinqüenta anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de cento e cinqüenta anos, mas tudo bem).
No bar ruim que ando freqüentando ultimamente o proletariado atende por Betão – é o garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas, acreditando resolver aí quinhentos anos de história.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar “amigos” do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura.
– Ô Betão, traz mais uma pra a gente – eu digo, com os cotovelos apoiados na mesa bamba de lata, e me sinto parte dessa coisa linda que é o Brasil.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte dessa coisa linda que é o Brasil, por isso vamos a bares ruins, que têm mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gâteau e não tem frango à passarinho ou carne-de-sol com macaxeira, que são os pratos tradicionais da nossa cozinha. Se bem que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gâteau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, gostamos do Brasil, mas muito bem diagramado. Não é qualquer Brasil. Assim como não é qualquer bar ruim. Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne-de-sol, uma lágrima imediatamente desponta em nossos olhos, meio de canto, meio escondida. Quando um de nós, meio intelectual, meio de esquerda, descobre um novo bar ruim que nenhum outro meio intelectuais, meio de esquerda, freqüenta, não nos contemos: ligamos pra turma inteira de meio intelectuais, meio de esquerda e decretamos que aquele lá é o nosso novo bar ruim.
O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando cult, vai sendo freqüentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e universitárias mais ou menos gostosas. Até que uma hora sai na Vejinha como ponto freqüentado por artistas, cineastas e universitários e, um belo dia, a gente chega no bar ruim e tá cheio de gente que não é nem meio intelectual nem meio de esquerda e foi lá para ver se tem mesmo artistas, cineastas e, principalmente, universitárias mais ou menos gostosas. Aí a gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de meio intelectuais, meio de esquerda, as universitárias mais ou menos gostosas e uns velhos bêbados que jogavam dominó. Porque nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que freqüentávamos o bar antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente, ouvíamos a banda antes de tocar na MTV. Nós gostamos dos pobres que estavam na praia antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres que chegam depois, de Chevette e chinelo Rider. Esse pobre não, a gente gosta do pobre autêntico, do Brasil autêntico. E a gente abomina a Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo.
Os donos dos bares ruins que a gente freqüenta se dividem em dois tipos: os que entendem a gente e os que não entendem. Os que entendem percebem qual é a nossa, mantêm o bar autenticamente ruim, chamam uns primos do cunhado para tocar samba de roda toda sexta-feira, introduzem bolinho de bacalhau no cardápio e aumentam cinqüenta por cento o preço de tudo. (Eles sacam que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, somos meio bem de vida e nos dispomos a pagar caro por aquilo que tem cara de barato). Os donos que não entendem qual é a nossa, diante da invasão, trocam as mesas de lata por umas de fórmica imitando mármore, azulejam a parede e põem um som estéreo tocando reggae. Aí eles se dão mal, porque a gente odeia isso, a gente gosta, como já disse algumas vezes, é daquela coisa autêntica, tão Brasil, tão raiz.
Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda em nosso país. A cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelos Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a difundir o petit gâteau pelos quatro cantos do globo. Para desespero dos meio intelectuais, meio de esquerda que, como eu, por questões ideológicas, preferem frango à passarinho e carne-de-sol com macaxeira (que é a mesma coisa que mandioca, mas é como se diz lá no Nordeste, e nós, meio intelectuais, meio de esquerda, achamos que o Nordeste é muito mais autêntico que o Sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é bem mais assim Câmara Cascudo, saca?).
– Ô Betão, vê uma cachaça aqui pra mim. De Salinas quais que tem?
Bar ruím é lindo, bicho! - Antonio Prata

25 de dez. de 2008

Suponha que um anjo bata à sua porta. Não se espante: é final de ano e tradicionalmente, como os balões de junho, esta data é propícia ao aparecimento de anjos. Para evitar constrangimentos ou diálogos inúteis, você está sozinho em casa. Então o anjo bate, depois você larga o que estiver fazendo, abre a porta e convida-o para entrar e sentar, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
"Pequenas epifanias” Caio Fernando de Abreu, pg. 94

24 de dez. de 2008

Prá mim e prá você...

Feliz natal, não exagere no peru (lato sensu) e muito menos no chocotone (invenção de algum diabo obeso). Lembre-se, não existe remédio para ressaca.Não se aproveite da ceia para vomitar desavenças familiares entaladas na garganta o ano inteiro.E como diz o Bial, não esqueça do filtro solar.
O Jornalismo no Brasil é uma vergonha. Quase tudo o que se vê na TV ou se lê nos jornais e revistas semanais pouco tem a ver com a vida das gentes. As fontes são as oficiais e raros são os que se aventuram pelas estradas vicinais, poeirentas, da vida real. Melhor é ficar no gabinete, nas salas acarpetadas, com ar condicionado, a sorver cafezinho e ouvir, reverente, a voz do poder. Isso dá muito mais lucro. Pode colocar um jornalista nas graças dos que mandam. Isso significa verbas adicionais e fama.. Quem não quer?
O ser humano normal sonha com isso. Trabalhar na Globo, aparecer em rede nacional, ser reconhecido no supermercado. E, de quebra, ainda ter uma boa poupança para os tempos difíceis. Para isso, só vale uma regra: não brigar com o poder. Servilismo, servidão. Dar murro em ponta de faca pra quê? Bobagens de quem não tem família para sustentar.
Pois o jornalista iraquiano Muntadar al-Zeidi fez o improvável. Ele não escreveu qualquer matéria, não ficou perdido entre anotações, não usou câmera escondida, não foi para frente de batalha, não mergulhou em documentos, sequer narrou a vida desgraçada dos seus compatriotas, acossados pela ganância estadunidense. Ele apenas arremessou um sapato contra o rei. Numa situação absolutamente normótica, quando os jornalistas se aglomeram para fazer perguntas idiotas a um energúmeno completo como é o presidente estadunidense, sem que absolutamente seja aventada qualquer possibilidade de um questionamento embaraçoso paro o poder, o homem, jornalista, explodiu.
Não era terrorista, nem homem-bomba, nem nada. Só uma pessoa, cansada de servir àquele que nada mais era do que um gangster de terceira classe. Mas que, por tanto tempo nos píncaros da gloria, comandando o exército mais poderoso da terra, havia de ser temido. E assim, não bastando ter destruído toda a cultura do Iraque, matado sua gente, destruído sua auto-estima, massacrado sua honra, ainda se deu ao luxo de ir dizer “goodbay” . Tripudiava , pisoteava, humilhava um pouco mais aquele povo que até hoje, passados cinco anos, ainda morre pelo simples fato de ser o que é.

Que venha o jornalismo
Por Elaine Tavares – jornalista

23 de dez. de 2008

Uma pessoa prá ser minha amiga, não pode, em hipótese alguma falar mal do John Fante... veja bem, nunca, jamais, em tempo algum! Entendido?

20 de dez. de 2008

Choveu, fudeu...

Campus UFMG em 18/12/08


Jean Paul Sartre

O que eu amo em minha loucura é que ela me protegeu, desde o primeiro dia, contra as seduções da "elite": nunca me julguei feliz proprietário de um talento; minha única preocupação era salvar-me - nada nas mãos, nada nos bolsos - pelo trabalho e pela fé. Desta feita, minha pura opção não me elevava acima de ninguém: sem equipamento, sem instrumental, lancei-me por inteiro à ação para salvar-me por inteiro. Se guardo a impossível Salvação na loja dos acessórios, o que resta? Todo um homem, feito de todos os homens, que lhe valem todos e a quem vale não importa quem.

Isso não é prá mim

Foi deveras ruím, reprovei alguém pela primeira vez na vida (oficialmente, quero dizer). Me senti a serpente do paraíso... tipo como se a culpa fosse minha. E não foi, pelo contrário, a maldita perdeu uma prova pq o namorado quebrou o pé, não entregou um trabalho pq a religião dela não permite que se faça coisa alguma no sabádo ou domingo, sei lá... e tbém não entregou na nova data que eu amigavelmente solicitei. E teve a cara de vir me perguntar se não rolava de "dar" os pontos que faltavam prá ela passar... imaginem o que ela ouviu!?!?
- O exame especial é semana que vem, a gente se vê lá...

19 de dez. de 2008

Tia MM

Hoje eu vi uma mãe dando coca-cola para uma criança de 02 anos, outra arrastando um pequeno de no máximo 03 anos pelo shopping em meio a um milhão de sacolas e a pior parte, uma mulher comprando um dvd da xuxa para uma fofinha de 02 ou 03 anos... Sim eu me revolto e acho que tem gente que não merece ter filhos. Eu sei tbém que não devo me meter na vida alheia, mas me espanta a pessoa ter filhos e não saber que xuxa é lixo, coca-cola veneno e que criança é a prioridade e não as sacolas de compras. Sim, eu ando pelo mundo querendo educar os filhos dos outros.

18 de dez. de 2008

Férias escolares...

- Gubici, posso pedir uma coisa?
- Ihhh, se for mudar o presente de natal já era... pq eu já comprei...
- Não, é outra coisa...
- O que é?
- Se vc for casar de novo, vc deixa eu e a Dadá ser sua daminha de honra?
- ...
Meu pai tá rindo desde então... sem parar...

Espírito Natalino

- Ihhh gente, temos que decidir a comida da noite de natal...
- Pois é, lombo o fulano não come, peru o ciclano odeia, bacalhau tá caro...
E por aí vai...
- Putz, só vai ter carne nessa ceia?
- ... é mesmo, tem a enjoadinhanãocomecarne!!!
- Pode fazer uma sopa de legumes pra ela... e prá acompanhar abobrinha recheada com cebola, hahahahahahaha...
- Pai; menos tá bom?
- Mas não come nem um camarão de vez em quando, nem um bolinho de bacalhau?
- Não, não come nem galinha que é o bicho mais chato do mundo!
- Ahhh, eu aprendi a fazer uma farofa de jiló ma-ra-vi-lho-sa!!!!
- Haahahahahahahaha... pode ser isso aí prá ela. Hahahahahahahahaha... boa!!!
- Tia, você definitivamente é irmã do meu pai!!!! Não tem dúvida!

15 de dez. de 2008

Normalmente eu venho a pé, porque é mais instigante, acorda o corpo e os sentidos, é bom para o planeta, para o meu corpo e para o meu bolso neste findeano de vacas magras. Mas hj acordei com o barulho da chuva e desejei ardentemente ser a felizarda que ganhou na mega sena e não precisar sair de casa no meio do temporal na segunda de manhã. Vim de ônibus, o que acabou se revelando a mesma molhaceira que se tivesse vindo a pé... e muito menos divertido. Enfim, passarei o resto da manhã de meias no trabalho, até que os sapatos desafoguem um pouco. E as pessoas do meu andar continuarão a ter motivos para me considerar uma pessoa estranha e eu continuarei a não me importar, a fazer perguntas irritantes quando elas contam estórias imbecis, e dizer não quando eu não tiver vontade de fazer o que elas me pedem, a não falar com quem eu não gosto. Só que agora tem uma novidadenova; me nego a brigar. Pra quê? Passei a vida sendo a irritadinha, a que queria tudo do seu jeito. Querendo consertar a fome do mundo e o restaurante brega. Não quero arrumar, tentar, me vingar, não quero segunda chance, não quero ganhar, não quero vencer, não quero a última palavra, a explicação, a mudança, a luta, o jeito. O que eu quero mesmo, de verdade, do fundo do meu coração, que chegue logo as oito da noite prá me encontar com metade de um "lex" e esquecer, apagar, dormir, descansar, não pensar, não sentir, não ser.

14 de dez. de 2008

Científico... hj não tem clube!

A palavra "domingo" é originária do latim Dies Dominica que significa "Dia do Senhor". Existe, nessa mesma acepção, em espanhol (Domingo), italiano (Domenica) e francês (Dimanche).
Diz a lenda dos índios Guarani que o seu Deus Sol, Ñamandu, antes de criar a Terra, e antes de criar os homens, criou a linguagem. E no princípio era o verbo.
Então eu queria poder chamar domingo de Ñamandu (O Deus Sol), já que os alemães têm o direito de chamá-lo Sonntag e os ingleses de Sunday, assim maiúsculos.
Nós, com nosso minúsculo domingo, não chamamos o sol. E ele, injuriado por não ouvir seu nome, se cobre com seu manto cinza, e vai mesmo é tirar um cochilo.

13 de dez. de 2008

no vazio cabe um monte de coisa, mas nenhuma se encaixa.prático, direto, sem dramas e sem entrelinhas.mas é bom ser idiota e se esconder no finde,tirar férias no domingo.então se proteja mesmo.mas sem covardia.

12 de dez. de 2008

Disexta

No me gusta ganar
me gusta vencer
No me gusta el olvido
prefiero la nostalgia
No me gusta la oscuridad
me gusta la noche
No me gustan los aviones
me gusta volar
No me gusta el calor
prefiero el verano
No me gusta rezar
prefiero la oraciòn
No me gusta dormir
me gusta soñar
No me gusta la democracia
me gusta la polìtica
No me gusta obedecer
prefiero mentir
No me gustan las cerraduras
prefiero las iniciales
No me gusta el ocio
me gusta el rocìo
Daniel Ballester - Argentina

O Circo Orlando Orfei ligou e pediu a lona de volta!

Tristeza gorda, imperial... Quase não dá pra suportar, mas sempre dá. É sempre melhor quando é às claras, cartas na mesa e navios ao mar!

6 de dez. de 2008

Leia nas férias...

Às vezes com a pessoa a quem amo

Às vezes com a pessoa a quem amo
Fico cheio de raiva
Por medo de estar só eu dando amor
Sem ser retribuído;
Agora eu penso que não pode haver amor
Sem retribuição, que a paga é certa
De uma forma ou de outra.
(Amei certa pessoa ardentemente
e meu amor não foi correspondido,
mas foi daí que tirei estes cantos.)
Walt Whitman

Acho que quando isso tudo terminar de acabar, quero ir para o meio do nada... onde não existam livros, revistas, internet, rádio, tv e muito menos gente, principalmente gente. Só mar, floresta, cachoeira, bicho, sol, chuva, vento e alguma maneira digna de se embebedar...

2 de dez. de 2008

El Pais

E ainda tem a tpm...


- Pai, vc acha que esse vestido tá muito curto prá ir trabalhar?
- Depende... vc tá trabalhando no sbt?
- Dãããaa... não né. Mas por que...?!?
- Vc tá a cara da chiquinha... hahahahahahaha
O pior é ter que ouvir ele contar isso prá deus e todo mundo...