11 de jan. de 2010

“Sim, porque depois de alguns dias a vertigem passa. O tempo transcorrido na nova cidade e as experiências de interação com ela que você vai acumulando a cada dia, a cada hora, vão criando uma espécie de base estável sob seus pés. O chão já não mais foge.
E você começa aos poucos a se orientar na cidade. Não é uma questão puramente espacial, mas é um adaptação aos sons, à língua que você continua sem compreender mas que já soa de forma diferente, é também uma adaptação às pessoas que você vê, aos rostos, adaptação aos cheiros, às cores, a um determinado tipo de arquitetura.
Há uma espécie de aclimatação, como se seu corpo se ajustasse a novas condições de temperatura e pressão. Seu coração agora tem um batimento ligeiramente diferente do que tinha quando você chegou. Você continua um tanto perdido, você continua, obviamente, a ser um estrangeiro na cidade, mas alguma coisa ali já lhe é familiar.”

A arte de chegar em uma cidade, Amilcar Betteg

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