Eu não sou feliz, é desnecessário dizê-lo. Não sou resignado. Absolutamente não tenho paz. Alterno entre a indolência e o cuidado. O centro da minha calma é a desesperança. Não aceitei o que me magoa, não quero olhar o que me feriria. Oculto aos outros, e mesmo tento ignorar a raposa que me corrói as entranhas. Tenho a atitude do estóico, mas dele não tenho o orgulho, nem o vigor. No fundo da minha aparente serenidade aninha-se a tristeza incurável. Estou calmo diante da destruição, mas trago a morte na alma porque sinto esta vida falhada, e nada espero em compensação. Nada, nada, nada! Nada.
Diário Íntimo, Amiel, 9 de junho de 1877 (Ediouro, pg. 314)
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