Caio Fernando de Abreu
11 de ago. de 2009
Ele, falando por mim... de novo!
o problema é a espera. esperamos. das pessoas, das coisas, dos fatos, de nós mesmos. esperamos tanto tempo, até nos sentirmos cansados; mesmo assim não desistimos de esperar. como se isso nos desse razão: “eu esperei isso de você, eu contava com isso, eu esperava que você agisse dessa forma” e o pior: eu esperava que você me amasse assim, porque é justamente assim que eu te amo. como se esperar mudasse todo o final, encantasse as verdades mais obscuras e os as realidades mais temidas. porque você espera, você tem fé e lhe ensinaram que isso é bom. e mesmo sabendo que não é. que nada do que você esperou aconteceu de fato até agora, você continua com essa mania burra, com essa ideia de que será salvo no último minuto, que de repente sua vida acontecerá como um roteiro aclamado e que você será contemplado com o magnífico prêmio de estar vivo. como se toda essa esperança lhe justificasse a vida e a tornasse mais humanamente suportável, sem que se dê conta que ela apenas lhe prepara para a mais alta queda, sem qualquer rede de proteção.
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