15 de ago. de 2009

Você não vale nada mas eu gosto de você...



"(...) a proibição de fumar excita muitos ânimos, como toda repressão mínima ou grossa, mas as diferenças entre as medidas não atenuam as evidências de que contêm mais volúpia autoritária do que critérios apropriados.
fumar não é, em si mesmo, atitude antidemocrática. suas inconveniências sociais são considerações recentes e não incorporadas ainda aos costumes, ou ainda são menos, digamos, naturais do que o longevo fumo. por fim, fumar não é ato de má-fé ou de hostilidade ao vizinho, é uma sujeição do viciado à sua necessidade. não há motivo algum, portanto, para substituir a restrição, atenta e inflexível que seja, por formas de repressão, nas determinações legais e nas ações.
as notícias dão conta de que donos de lugares públicos são visitados e fumantes são caçados em sp como não se invadem prostíbulos de exploração de mulheres, nem se caçam os exploradores; ou em casas de jogo, ou em pontos de venda e consumo de crack pela gurizada e de outras drogas por toda parte. os envolvidos nesses atos serão menos perniciosos à vida social do que os fumantes?
(...)
são poucos mas, suponho, suficientes exemplos do espírito aplicado ao que seria a saudável extinção progressiva do fumo. são os métodos deste país tão dado a violências e desatinos, onde o usuário de drogas é reconhecido como vítima de vício, e não punido; o de cigarro fica ameaçado até de perder o emprego 'por justa causa'."


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